
Gazeta do Povo
A missionária e manicure maranhense Eliene Amorim de Jesus, de 30 anos, foi para casa neste sábado e está bem, com a família. Ela estava presa havia dois anos, por acompanhar os atos de 8 de janeiro, em Brasília. A prisão preventiva foi substituída por domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
Eliene foi liberada da Unidade Prisional de Ressocialização Feminina (UPFEM), em São Luís, no Maranhão, onde estava desde 18 de março de 2023, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder ordem de soltura.
Além de usar tornozeleira eletrônica, Eliene não poderá usar redes sociais, dar entrevistas (salvo com autorização do STF), nem se comunicar com os demais envolvidos nos atos.
A Secretaria da Administração Penitenciária do Maranhão (SEAP/MA) vai monitorá-la e enviar informações semanais sobre ela ao STF, que também vai controlar suas visitas.
“O próximo passo será a apresentação das alegações finais pela acusação e pela defesa”, explica a advogada que cuida do caso, Andrecia Ribeiro de Oliveira, junto com o colega Marcelo Souza Cardoso. “Após isso, o processo estará concluso para sentença”.
O caso de Eliene, assim como o da cabeleireira Débora Rodrigues, retrata a situação de muitos outros acusados de participar de atos do dia 8 de janeiro, incluindo idosos e mães de crianças pequenas, que estão presos sob o pretexto de prisão preventiva sem evidências concretas de terem cometido crimes. Débora foi para a prisão domiciliar no fim de março após o ministro Luiz Fux divergir da pena de 14 anos determinada por Moraes.
Eliene é apoiadora de Jair Bolsonaro, missionária em uma igreja evangélica, estudava Psicologia e não tinha antecedentes criminais. Segundo ela, costumava frequentar atos de apoio ao ex-presidente em São Luís portando um caderno e uma caneta com um intuito de escrever um livro sobre o movimento político, do ponto de vista da Psicologia.
A Polícia Federal comprovou sua versão quando apreendeu o seu celular e viu anotações. Mesmo sem nenhum argumento sólido de vandalismo, ela foi indiciada. A Procuradoria-Geral da República acatou o pedido e apresentou denúncia ao STF.