Ex-ministros em governos petistas, Aldo Rebelo considera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se radicalizou politicamente e ideologicamente e tenta agora dividir São Paulo e o país em dois blocos, o que vai na contramão dos dois primeiros governos do petista, quando fez alianças com o MDB e nomes à direita como Valdemar Costa Neto (PL) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Rebelo, próximo secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, atuará na campanha à reeleição de Ricardo Nunes (MDB-SP). Ele rebate Lula, que recentemente disse que a eleição na capital paulista será entre ele e Jair Bolsonaro (PL): enquanto o petista apoia Guilherme Boulos (PSOL-SP), o ex-presidente e o PL apoiarão a reeleição de Nunes.
“O MDB tem três ministérios no governo. Não faz sentido essa ideia que a eleição municipal vai repetir a polarização da eleição presidencial”, diz o futuro secretário. “Acho que ele [Lula] é atormentado por fatores que eu desconheço e que o conduzem a tentar fazer de São Paulo palco de uma guerra ideológica que não serve a ele, a São Paulo e ao Brasil”, continua.
Aldo Rebelo diz achar “estranho” que Lula e o PT apoiem Boulos diante da atuação do deputado federal durante o governo Dilma. O candidato do PSOL liderou manifestações contra a Copa do Mundo e também era crítico da política de alianças petistas com partidos do que hoje é chamado de Centrão.
“A tentativa de Boulos sempre foi a de substituir o PT como o grande partido das forças progressistas do Brasil. E se fosse necessário destruir o PT, não foi poupada nenhuma energia nesse sentido.”, afirma o agora aliado de Ricardo Nunes.
Ele conta que foi procurado pelo prefeito ainda em dezembro, antes de Marta Suplicy, sua antecessora no cargo de secretário, aceitar voltar ao PT para ser vice de Boulos. Aldo Rebelo, porém, explica que o convite feito no ano passado não foi específico para a pasta de Relações Internacionais. “Embora eu ache que provavelmente ele já desconfiasse que a secretária estava em negociações para apoiar o candidato do PT”, diz.
O ex-ministro está em um período de descanso em Alagoas, onde costuma sair em cavalgadas todas as manhãs. Ele só assumirá o cargo na prefeitura em fevereiro. Para isso, teve que licenciar-se do PDT, partido ao qual atualmente está filiado e que apoia o candidato do PSOL.
No PDT, ele se aproximou do grupo Nova Resistência, que, segundo o jornal O Globo, foi classificado como neofascista e disseminador de desinformação pró-Rússia pelo Departamento de Estado dos EUA. Também foi apontado como ameaça à segurança nacional pelo Banco Central em 2021.
O grupo defende a Quarta Teoria Política, filosofia criada pelo russo Alexandr Dugin, um dos principais influenciadores do pensamento de Vladimir Putin. Em seu site, a Nova Resistência propõe, por exemplo, proibir e expulsar “todas as ONGs globalistas do território brasileiro”.