A afirmação sobre o caixa 2 foi feita em delação pelo ex-presidente da Ecovias, com relato de cartel entre as concessionárias de rodovias paulistas
A Polícia Federal investiga um suposto pagamento de R$ 3 milhões em caixa 2 ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (ex-PSDB, hoje sem partido), provável vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Ecovias é a concessionária responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes, principal ligação da cidade de São Paulo com o litoral sul do estado.
A afirmação sobre o caixa 2 foi feita em delação pelo ex-presidente da Ecovias, Marcelino Rafart de Seras. O ex-executivo teve acordo de não persecução cível homologado pelo Ministério Público paulista nesta terça-feira (15), com relato de cartel entre as concessionárias de rodovias paulistas.
A apuração relativa ao caixa 2 também é investigada pela Delinst (Delegacia de Defesa Institucional), da PF, que apura questões eleitorais.
De acordo com o relato do ex-presidente da concessionária, os valores foram pagos a título de caixa 2, primeiro, em 2010, em um total de R$ 1 milhão. Na ocasião, pelo PSDB, Alckmin foi eleito governador.
O valor, segundo o depoimento, foi pago em dinheiro ao cunhado do ex-governador, Adhemar Ribeiro.
A segunda parte, no valor de R$ 2 milhões, teria sido pago em uma operação do ex-tesoureiro de Alckmin, Marcos Monteiro, em 2014, ainda segundo o relato. Naquele ano, Alckmin se reelegeu ao governo paulista.
A reportagem procurou a assessoria do ex-governador, que ainda não se manifestou.
Marcos Monteiro ocupou diferentes papéis nos quatro mandatos do tucano à frente do governo paulista e e foi citado por suposta negociação de quase R$ 10 milhões em repasses de caixa dois da Odebrecht para o PSDB.
Em 2010, um ex-executivo da Odebrecht disse em seu acordo de delação que Alckmin acertou pessoalmente o repasse de R$ 2 milhões para sua campanha ao governo em 2010. Carlos Armando Paschoal, o CAP, que era à época diretor da Odebrecht em São Paulo, disse que Alckmin entregou a ele o cartão de visitas de seu cunhado Adhemar Ribeiro, que viria a ser o responsável por receber os recursos.
Em 2010, o ex-governador se tornou réu sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, além de receber caixa dois da Odebrecht.
Nesta terça-feira, o Conselho Superior do Ministério Público fez a homologação final de acordos com a Ecovias e com o ex-presidente.