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Água, emprego, estradas, saúde e mais: 7 milhões de pernambucanos vão decidir o futuro do Estado nas eleições 2022

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Foto: reprodução

O governador eleito terá caixa com um bom volume de recursos para administrar, mas também um pacote de obras inacabadas, problemas sociais históricos, nós difíceis de desatar (como o déficit do sistema carcerário), além da fome, do desemprego e da informalidade

No domingo, 2 de outubro, 156,4 milhões de brasileiros vão às ruas exercer a cidadania na nona eleição direta (consecutiva) do País. O voto é a renovação do compromisso com a democracia e o momento de depositar, nas urnas, as apostas para o futuro do Brasil nos próximos 4 anos.

Em Pernambuco, 7 milhões de eleitores vão decidir se mantêm no poder o grupo liderado pelo PSB ou se promovem uma ruptura neste ciclo político, que perdura há 16 anos. Esta eleição para governador traz fatos novos, como o grande número de candidatos no páreo, nomes estreantes na disputa, mais mulheres e perfis jovens.

Marília Arraes (Solidariedade), Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (União Brasil), Danilo Cabral (PSB) e Anderson Ferreira (PL) prometem esquentar o clima das eleições, com uma disputa acirrada para conquistar vaga no segundo turno. Desta vez, a eleição em nada se parece com o pleito morno de anos anteriores.

Passada a euforia das urnas, é hora de planejar a reconstrução. O Brasil precisa enfrentar um cenário de caos fiscal, baixo crescimento econômico, fome, inflação, juros altos, desemprego e necessidade de recuperar a confiança do investidor.

Em território local, o governador eleito vai encontrar déficit em muitas áreas. Nos 8 anos da gestão Paulo Câmara (PSB), além da crise econômica de 2015-2016 e da pandemia da covid-19 (2020 e 2021), ele optou por ser uma espécie de “governador-auditor”, preocupado em organizar as finanças de Pernambuco, mas abrindo pouco o caixa para investir.

O resultado é o que se vê hoje na prática. O teto caindo no Hospital da Restauração (HR) é o retrato do sucateamento dos equipamentos de saúde. A cobertura de atenção primária à saúde aquém do ideal e a superlotação nos hospitais são outros problemas.

As estradas no ranking das piores do País e o caos no metrô resumem o desacerto na mobilidade. Pernambuco tem a quarta maior malha rodoviária do Nordeste, com 12,5 milquilômetros de rodovias. Embora a gestão do PSB (desde Eduardo Campos) tenha investido cerca de R$ 4 bilhões, ainda existe um déficit enorme para zerar. O metrô é outro desafio. Embora seja gerido pelo governo Fderal, o Estado não pode deixar o sistema como está, com constantes paralisações de trens e atos de vandalismo.

Na educação, quem assumir o comando do Estado, a partir de 2023, terá que colocar, como prioridade na
agenda educacional, a melhoria da qualidade do ensino. Pernambuco é uma das referências, no País, na política de educação integral para o ensino médio mas precisa avançar nos índices de aprendizagem,
que são baixos. A taxa de analfabetismo, por exemplo, continua alta, quase o dobro da brasileira.

A interferência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no déficit carcerário de Pernambuco escancara nacionalmente uma ferida histórica na gestão do PSB. O Estado que criou o Pacto pela Vida também precisa reestruturar as ações de segurança para conseguir cumprir a meta de redução de 12% na taxa de homicídios por ano. O crescimento silencioso do tráfico de drogas é outro problema que merece atenção. Pelos dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), 70% dos assassinatos no Estado têm relação com o tráfico.

Diminuir a sensação de insegurança entre a população é outro ponto. Embora os chamados crimes contra o patrimônio venham diminuindo, Pernambuco ainda está entre os dez Estados do País com maior número de roubos por 100 mil habitantes.

Na gestão da água, o governo não conseguiu concluir todas as adutoras prometidas nem as obras das barragens. Em algumas cidades do Estado, a população convive com até 60 dias sem água nas torneiras. Se não tem água, a situação do saneamento é ainda pior. Apenas 30% dos pernambucanos têm acesso a esgoto tratado.

O desemprego, a informalidade, a pobreza, a fome e a desigualdade são desafios que precisam entrar de imediato na agenda do novo governador. O Estado foi campeão do Brasil em crescimento da pobreza, é o número 1 em desigualdade social e ocupa sempre o primeiro ou segundo lugar na taxa de desemprego do Brasil. Em Pernambuco, mais de 2 milhões de pessoas passam fome. Com esse número, o Estado se posiciona em quinto lugar no Mapa da Fome do Nordeste, iderado por Alagoas e seguido por Alagoas, Piauí, Ceará e Maranhão.

Sem correção nos rumos, Pernambuco poderá estagnar seu desenvolvimento econômico e social. Atualmente, apesar de ser o décimo Estado mais rico do País, com um PIB de R$ 197,9 bilhões, em 2019, segundo o IBGE, é também o mais desigual. É como ter um bolo grande, mas não dividir igualmente.

O governador eleito precisará encontrar um equilíbrio entre as potencialidades do Estado e o déficit socioeconômico que terá pela frente. Não será tarefa simples. O novo ocupante da cadeira do Palácio do Campo das Princesas vai receber de Paulo Câmara um caixa com bom volume de recursos para administrar.

Por outro lado, terá nas mãos um grande pacote de obras inacabadas, problemas sociais históricos, nós difíceis de desatar (como o déficit do sistema carcerário), além do desemprego, da informalidade e do subemprego.

Após às 17h do domingo, 2 de outubro, será hora de contabilizar o resultado das urnas e descobrir os candidatos que vão disputar, no segundo turno, o desafio de governar Pernambuco pelos próximos quatro anos. (JC)

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