Por Magno Martins
Na entrevista que concedeu, ontem, ao Frente a Frente, direto do seu gabinete, em Brasília, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, traçou um cenário de realizações da sua pasta no Nordeste amplamente desconhecido da população brasileira. Só em obras hídricas, disse que os investimentos superam a casa dos R$ 3,5 bilhões. Segundo ele, até meados do segundo semestre do ano que vem, 100% das obras da Transposição do São Francisco estarão concluídas.
Se tudo isso está acontecendo e ninguém sabe, das duas uma: ou o Governo é muito ruim e amador na comunicação ou alguém está blefando. Mas o ministro não é de blefe. É um gestor sério e competente, forçado no serviço público em seu Estado natal, o Rio Grande do Norte, que representou em Brasília em três mandatos de deputado federal. E tudo que falou foi com base numa planilha que estava ao seu lado, com todos os números, e que não precisou nem consultar.
“Nós temos seis mil obras hídricas. Aí a gente leva em consideração perfuração de poços, dessalinização, pequenas adutoras médias e grandes. Trabalho ligado a tratamento de água e esgoto. É um portifólio muito extenso, que vão de questões ligadas à saúde e saneamento”, disse. Sobre a Transposição, afirmou: “Na verdade, chegaremos ao Rio Grande do Norte, que é o último Estado setentrional, receptor, com as águas do São Francisco, até dezembro”.
E acrescentou: “A partir da chegada ao RN, são obras de customização, de repaginação do que já foi feito em tempos pretéritos. Eventualmente, há a necessidade de se comprar novas bombas para ampliar a capacidade de bombeamento dessa água. Em sua integralidade, a capacidade vai chegar a mais de 120 m³. Nós temos um conjunto de bomba, cada uma custa R$ 30 milhões. Nós vamos precisar de 30 a 35 bombas.”
Segundo ele, a prioridade do Governo é concluir a obra física dos canais. Os recursos alocados devem permitir que os canais sejam terminados na altura do Eixo Norte, chegando em Caiçara (PB). De lá, vai a São Gonçalo, que é o maior reservatório da Paraíba. Em seguida, vai a uma barragem de Engenheiro Ávidos (PB). “Estamos fazendo uma restauração dessa barragem a partir da tomada d’água. De lá, são mais de 115 km de rio até a altura de Jardim de Piranhas, no Rio Grande do Norte. Isso vai permitir comemorar a conclusão das obras do eixo norte e o beneficiamento do quarto Estado, que seria o RN”, afirmou.
Perguntado por que o Governo não dava prioridade à divulgação dessas obras, Marinho “Esse governo tem alguns defeitos, a comunicação é o mais nítido. Não publicizar os seus feitos tem sido um grande pecado. Eu diria que o que está sendo feito nesses últimos três anos é mais impactante do que nos últimos 20 anos. Nós temos obras de infraestrutura hídrica e segurança hídrica desde o Norte de Minas até o Maranhão. Os estados do Nordeste estão tendo uma atenção muito forte do Governo Federal e o presidente foi muito claro quando me convidou: ‘Abrace o Nordeste’.
Jornada das Águas – Em outubro, segundo Rogério Marinho, o Governo lançará a ‘Jornada das Águas’, para dar visibilidade a essas obras. “Nós devemos noticiar o início do projeto executivo do Canal do Sertão Baiano, com mais de 15 km de extensão. Também deveremos dar ordem de serviço para a obra física do Canal de Xingó, em Sergipe. É uma obra esperada há mais de 50 anos. A gente espera fazer isso em outubro. Em Alagoas, nós vamos lançar vários programas contra desertificação, com mais de 1 milhão de árvores de umbu-cajá. São mais de R$ 90 milhões de investimentos. Também a conclusão da Barragem de Oiticica, no Rio Grande do Norte. Uma obra parada desde 1952”, disse.
Integração de bacias – Ainda na entrevista, o ministro do Desenvolvimento Regional disse que o Governo vai anunciar uma ação que considera uma das mais importantes do Estado brasileiro, que é a integração das bacias que vão desde o Rio Tocantins até as bacias dos rios Balseira, Mandu, Parnaíba e São Francisco. “Isso para termos, num horizonte de 15 a 20 anos, um quadro completamente diferente para a segurança hídrica da região, tanto do semiárido nordestino como de parte do Centro-oeste e da região Amazônica”,