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‘O que faço hoje não é guerrear, é me defender’, afirma Michel Temer

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altEm entrevista à GloboNews, vice diz que se impeachment não for aprovado ‘tudo continuará como antes’.

Agência O Globo

BRASÍLIA — Um dia após o vazamento de um pronunciamento em que fala como se já fosse o novo chefe do Executivo, o vice-presidente Michel Temer negou o rótulo de golpista e declarou que a palavra golpe tem sido utilizada de forma indevida ultimamente. Em entrevista exclusiva à Globo News, nesta terça-feira, Temer disse que considera uma “ruptura constitucional” a proposta de convocação de novas eleições gerais.

O vice disse estar preparado para assumir a vaga de Dilma Rousseff, caso ela seja impedida pelo Congresso, e pregou diálogo com todos os partidos e setores da sociedade:

— Muitos me procuram, embora seja apodado das variadas denominações, como golpista. Passei praticamente três semanas em São Paulo precisamente para que não me acusassem de nenhuma articulação. No Parlamento começou uma guerra contra minha figura. Então, fui obrigado a me defender. O que faço hoje não é guerrear, é me defender.

Questionado se considera um golpe a proposta de novas eleições gerais, Temer respondeu:

— É uma ruptura usando a Constituição. Não gosto de usar a palavra golpe porque ela está muito indevidamente utilizada.

Caso o impeachment de Dilma não passe, Temer acredita que manterá uma relação “institucional” com a presidente. Ele afirmou que não renunciaria, em resposta ao comentário feito na segunda-feira pelo ministro-chefe do Gabinete da presidente, Jaques Wagner, que pediu a saída do peemedebista caso a presidente permaneça no poder.

— Estarei tranquilo em relação a isso. Ao longo desse período em que fui vice-presidente nunca tive um chamamento efetivo para participar das questões do governo, de modo que se nada acontecer tudo continuará como dantes — ironizou.

Em carta que enviou à presidente em dezembro do ano passado, Temer já havia escrito que passou “os quatro primeiros anos como vice decorativo”.

Dentro da estratégia de preservar Temer, coube ao senador Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, rebater abertamente o discurso da presidente Dilma Rousseff. Jucá qualificou de “apelação” e de “perda de equilíbrio e serenidade” a fala presidencial na qual Dilma disse que havia “dois chefes do golpe, da farsa e da traição”, num ataque a Temer e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em defesa, Jucá comparou a presidente Dilma ao ex-presidente Fernando Collor, que sofreu processo de impeachment em 1992.

— Lamento que a presidente Dilma esteja perdendo o equilíbrio, colocando culpa em outras pessoas pelos erros do governo. E, mais do que isso, apelando para um enredo já ultrapassado: porque falar em golpe é o que falou o presidente Fernando Collor há muitos anos. Esse é um enredo batido, copiado e que não deu certo. Era melhor que a presidente tivesse um pouco mais de equilíbrio e análise das suas próprias limitações.

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