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Em áudio, Temer prega governo de ‘salvação nacional’ em discurso pós impeachment

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altEm outro trecho, enviado a parlamentares do PMDB, vice diz que a missão neste momento é pacificar o país.

Agência O Globo

BRASÍLIA – Já contando com o impeachment da presidente Dilma Rousseff aprovado pela Câmara, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) gravou um áudio no final de semana no qual prega a “pacificação” e “reunificação” das forças do país, previsto para ser divulgado após decisão da Casa. Ele diz que suas palavras são “provisórias” e afirma que se recolheu nos últimos tempos para não passar a ideia de que queria ocupar a cadeira da Presidência. Temer fala, já na condição de sucessor de Dilma, que a Câmara decidiu pelo impeachment em “votação significativa”. Horas depois da divulgação da gravação, o vice admitiu ter cometido um equívoco, mas que não é “novidade” o conteúdo do áudio e que após a votação em plenário “certa e seguramente” seria exigido um posicionamento dele.

— Quero me dirigir ao povo brasileiro para dizer algumas das matérias que penso devam ser por mim enfrentadas. O faço naturalmente com muita cautela, porque sabem que há mais de um mês me recolhi exata e precisamente para não aparentar que estaria praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente da República.

Temer diz que é preciso um governo de “salvação nacional” que reúna forças de todos os partidos.

— Aconteça o que acontecer no futuro, é preciso um governo de salvação nacional e de união nacional, é preciso que se reúnam todos os partidos políticos e todos estejam dispostos a dar sua colaboração para tirar o país da crise. Sem essa unidade nacional, penso que será difícil tirar o país da crise. O fundamental agora é o diálogo, em segundo lugar a compreensão, e em terceiro lugar, para não enganar ninguém, ideia de que vamos ter muitos sacrifícios pela frente. Sem sacrifícios nós não conseguiremos avançar para retomar o crescimento e desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso país nos últimos tempos, antes dessa última gestão – diz Temer.

Em outro trecho do áudio, que teria sido enviado a alguns parlamentares do PMDB por engano, Temer diz que a missão neste momento é pacificar o país.

— A grande missão a partir desse momento é pacificação e reunificação do país, estou repetindo o que venho pregando há muito tempo.

O peemedebista diz ainda que vai manter as conquistas sociais obtidas nos últimos governos. Em conversas com aliados, Temer vinha se queixando de boatos nas redes sociais de que ele extinguiria programas como o Bolsa Família, uma das maiores vitrines dos governos do PT.

— O que aconteceu nos últimos tempos foi um descrédito no nosso país, e ele que leva à ausência do crescimento, do desenvolvimento, que faz retomar a inflação.

‘POLÍTICA RASTEIRA’

Em quase 14 minutos de pronunciamento, Michel Temer comenta que aqueles que fazem uma “política rasteira” dizem que ele acabaria com programas implementados pelo PT, não só o Bolsa Família como o Pronatec, o Fies e o ProUni. Ele nega e diz que poderá inclusive ampliá-los. Temer afirma, no entanto, que a existência do Bolsa Família é apenas um “estágio do estado brasileiro”.

— É preciso manter certas matérias sociais, porque nós todos sabemos que o Brasil ainda é um país pobre, e sei que dizem de vez em quando que se outrem assumir, nós vamos acabar com o Bolsa Família, acabar com Pronatec, com Fies. Isto é falso, é mentiroso e é fruto desta política mais rasteira que tomou conta do país. Nesse particular, quero dizer que deveremos manter esses programas e até se possível revalorizá-los e ampliá-los.

Em seguida, o vice-presidente faz um aceno aos empresários, defendendo as Parcerias Público Privadas (PPPs), e diz ter convicção de que o Estado não deve centralizar tudo, apenas assuntos importantes como Saúde e Educação. O resto, segundo ele, deve ser entregue à iniciativa privada. O discurso, de cunho mais liberal, é alinhado ao que defende o PSDB e vai contra o que o PT e Dilma defendem.

— O estado brasileiro tem que cuidar de Segurança, da Saúde, Educação, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita pública, mas os demais têm que ser entregues à iniciativa privada no sentido da conjugação da ação entre trabalhadores e empregadores.

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