Jaques Wagner fala em ‘governo novo’ e ‘boa oportunidade’ para a presidente.
Agência O Globo
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff escalou seu chefe de gabinete, ministro Jaques Wagner, para dizer que, após o rompimento formal do PMDB, o governo prepara uma reforma ministerial, que deverá ser anunciada até sexta-feira. Wagner chegou a falar em “governo novo”, pontuando que a saída do principal aliado abre uma “boa” oportunidade para que Dilma inicie uma nova fase, em que outros aliados assumam os espaços deixados pelo PMDB.
Nesta terça-feira, em clima de festa e aos gritos de “Fora, PT” e “Temer presidente”, o PMDB aprovou por aclamação em três minutos a moção de rompimento com o governo.
– Eu creio que a decisão dele (PMDB) chega em uma boa hora. Boa hora porque oferece à presidenta Dilma uma ótima oportunidade de repactuar o seu governo. Poderia até falar de um governo novo – disse, completando em outro momento:
– Eu estou muito confiante de que essa oportunidade será uma boa caminhada da presidente Dilma.
O pensamento no governo é que até pode facilitar a batalha por votos contra o impeachment. O raciocínio é matemático: a sigla “bloqueava” sete ministérios e só entregava de 25 a 30 votos na Câmara. Com a liberação desses ministérios, outros partidos aliados poderão ocupá-los e entregar, em troca, no mínimo o dobro dos votos do PMDB. Segundo um auxiliar da presidente, o incremento numérico poderia chegar a 80 votos.
— Fala-se em terra arrasada com a saída do PMDB, mas não podem esquecer que o governo ainda tem a caneta. Vamos fazer desse amargo limão uma limonada — comenta esse auxiliar.
Perguntado sobre como fica a relação de Dilma com o vice Michel Teme, Wagner foi taxativo: “politicamente interditada”.
– Uma relação educada. Só. Uma relação educada, mas acho que, politicamente, interditada – disse o ministro.
Jaques Wagner, que na semana retrasada deixou a Casa Civil para que o ex-presidente Lula assumisse o cargo, disse que o governo recebeu a notícia do desembarque do PMDB com “naturalidade”. Segundo Jaques, se Lula continuar impedido pelo Supremo Tribunal Federal de se tornar ministro, a Casa Civil também deverá entrar na conta de ministérios a serem negociados.
A presidente deixou o Palácio do Planalto rumo ao Palácio da Alvorada, sua residência oficial, onde fará uma reunião com os ministros mais próximos para discutir o novo desenho ministerial. Perguntado se Lula participará do encontro, Jaques disse não saber, mas afirmou que Lula é frequentemente um bom conselheiro ao governo.