Por Magno Martins
Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública, pregou Ulysses Guimarães ao proclamar a Constituição de 1988, que não foi a perfeita, mas a possível, segundo ele. O manifesto se traduz para o sentimento dos entrevistados pelo Instituto Opinião, no levantamento abaixo como parte do que esperam em relação ao futuro governador.
De acordo com a pesquisa, o item mais valorizado pelo eleitor em relação aos predicados dos candidatos a governador é honestidade. Esse sentimento não é novo nem surpreende. O que a sociedade quer e exige dos seus governantes é não surrupiar o dinheiro alheio, zelar pela coisa pública, devolver com obras e bons serviços o imposto pago por todos nós.
O mesmo Ulysses disse, ainda no seu discurso antológico, que a moral é o cerne da pátria, a corrupção o cupim da República. “República suja pela corrupção impune tomba nas mãos de demagogos que a pretexto de salvá-la a tiranizam”, disse o Senhor Diretas. Em campanha, os políticos em geral fazem juras de amor a esse preceito básico.
Mas quando chegam ao poder invertem a ordem dos fatores, se pervertem, são capazes até de malversar dinheiro destinado a salvar vidas neste momento deprimente vivido por todos nós frente à covid-19. Segundo o levantamento do Opinião, o ex-prefeito Geraldo Júlio é o mais identificado com desvios de recursos federais para o combate à pandemia.
Quase 30% dos entrevistados disseram ter tomado conhecimento das tristes notícias envolvendo seu nome com as denúncias de corrupção com a dinheirama da pandemia. Entre os fatos mais relevantes, a compra de respiradores testados em porcos, cujo relatório já foi requisitado pelo comando da CPI da pandemia, no Senado.
A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios, disse o Barão de Montesquieu. Respeitemos a principal exigência dos entrevistados quanto ao preceito da honestidade, porque o homem corrupto é um indivíduo fraco, que perdeu as qualidades do homem equilibrado e justo.
A política, quando gera corrupção na célula social, é um verdadeiro câncer que destrói toda a sociedade e os seus valores morais. Que um dia possamos abrir um novo paradigma contrariando os que insistem em enxergar que na vida pública só existem dois tipos de políticos: os corruptos declarados que falam demais e mentem e os declarados corruptos, porque esgota seu estoque de verdades.