‘Minha relação com ele não é de poderes ou superpoderes. É uma sólida relação de quem constrói um projeto junto’, declarou Dilma.
Agência O Globo
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não terá superpoderes, mas terá os poderes necessários para ajudar seu governo e o Brasil. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, a presidente falou que está feliz, que ele fortalece o governo e o chamou de “hábil articulador”. Ela negou que haja desconforto por Lula estar sendo investigado e disse que o petista já explicou que não é dono nem no tríplex, nem do sítio. Na rápida entrevista, decidida de última hora, Dilma chamou Lula de presidente todas as vezes em que o citou. Sua fala foi feita horas depois de ter anunciado, por nota, que Lula assume a Casa Civil no lugar de Jaques Wagner.
– Ele me deixa muito confortável e nós temos seis anos de trabalho cotidiano. Estou muito feliz com a vinda dele.Tem seis anos que vocês tentam me separar do Lula. Minha relação com o Lula não é uma relação de poderes ou superpoderes. Minha relação com ele é uma relação sólida, uma relação de quem constrói um projeto. O presidente Lula, no meu governo, terá os poderes necessários para nos ajudar, para ajudar o Brasil – afirmou.
A presidente também tentou diminuir o peso das críticas de que Lula estaria entrando no governo para obter foro privilegiado durante as investigações que pesam sobre ele no âmbito da Lava-Jato. Ela negou que o petista tenha feito exigências para entrar no governo.
– A hipótese (de que Lula estaria fugindo da Justiça) é apenas uma sombrinha, uma proteção ao fato de que, vamos falar a verdade, a vinda de Lula para o meu governo fortalece o meu governo. Tem gente que não quer que ele (governo) seja fortalecido. O que é que eu posso fazer? – emendando em seguida: – A troco de quê eu vou achar que a investigação do juiz Sérgio Moro é melhor do que a investigação do STF? Isso é uma inversão de hierarquia.
Perguntada sobre a situação do ministro Aloizio Mercadante (Educação), flagrado em conversas com o assessor do ex-líder do governo Delcídio Amaral, Dilma disse que ele deu explicações satisfatórias e que não tem motivo para perder a confiança nele.
A presidente ainda afirmou que os ministros Nelson Barbosa (Fazenda) e Alexandre Tombini (Banco Central) não deixarão o governo, após a chegada de Lula. E também descartou o uso das reservas internacionais do Brasil.
— Nós construímos essas reservas a duras penas, com grande esforço no meu governo e no do presidente Lula — afirmou Dilma, acrescentando: — Jamais teremos uma pauta de uso das reservas para algo que não seja a proteção do Brasil à flutuações externas.