Denúncia contra Mercadante paralisa governo; ex-presidente se reúne com Dilma.
Agência O Globo
BRASÍLIA — A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como superministro do governo, que já era considerada certa pelo PT e pela própria presidente Dilma Rousseff, ficou em suspenso nesta terça-feira, com o impacto da delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), incriminando o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, numa tentativa de obstruir a Justiça. A delação do ex-líder do governo no Senado criou um clima de confusão que voltou a paralisar o dia a dia do governo. Lula chegou nesta terça-feira à tarde em Brasília e, em seguida, começou uma reunião com Dilma por volta de 19h no Palácio da Alvorada, onde foram discutidos ajustes de sua participação no governo, e até onde ele poderia ir na sua pretendida guinada na economia. Lula só deixou o Alvorada às 23h30, após quatro horas e meia de reunião.
Segundo interlocutores, o ex-presidente não tinha mais certeza sobre a conveniência de virar ministro. Ministros que estiveram no encontro disseram que isso pode ser definido amanhã. Lula teria uma missão tripla: impedir o avanço do impeachment; repactuar a relação com os partidos aliados, em especial, o PMDB; e animar o mercado e o setor produtivo. Estavam no encontro Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Giles Azevedo, assessor especial da presidente.
Para Lula, outro balde de água fria foi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de desmembrar o inquérito do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e enviar para o juiz Sérgio Moro a parte que trata da mulher do deputado, Claudia Cruz, e de sua filha Danielle, que não têm foro privilegiado. No caso de Lula se tornar ministro, ele ganharia foro privilegiado e manteria sua investigação no STF, mas a parte relativa à dona Marisa e aos filhos Fábio Luis e Luis Cláudio provavelmente também seria remetida para Moro.