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Presidente da CPI da Covid-19 já foi investigado até por pedofilia

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Em 2005, uma movimentação no Legislativo amazonense protegeu o então vice-governador Omar Aziz da acusação de exploração sexual infantil

Jovem Pan

Nesta semana, mais precisamente no dia 27, o ex-governador do Amazonas e atual senador, Omar Aziz, foi eleito presidente da CPI do Covid-19 para investigar possíveis desvios de verbas no setor da saúde. Conhecido no meio político — especialmente no Estado que governou — por suas ações suspeitas de corrupção, desvios e até pedofilia durante sua trajetória, Aziz foi alvo de uma operação do Ministério Público Federal, conhecida como “Maus Caminhos”, deflagrada em 2016, que desencadeou uma série de desdobramentos. Este foi o homem escolhido por seus pares para nos representar em uma CPI que busca investigar atos semelhantes aos praticados pelo político. É o “sujo falando do mal lavado”. E mais uma vez, a sujeira é jogada embaixo do tapete e o circo entra em cena para a alegria de muitos e a desatenção da maioria.

Omar Aziz, governador do Amazonas de 2010 a 2014, senador pelo Estado desde 2015, político experiente, com 21 anos de mandatos consecutivos desde 1990, afirma que atua de forma independente. Ao ser eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar as ações do governo e o uso de verbas federais na pandemia da Covid-19, por 8 votos a 3, indicou Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria da investigação. Durante a carreira política, ele tem chamado a atenção por suas notáveis mudanças ideológicas. Conhecido por trocar de partido inúmeras vezes, foi definido pelo idealizador do Partido Social Democrático (PSD) como sendo “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”.

Em sua gestão como governador do Amazonas, foi alvo de investigação por suspeita de irregularidade e desvios na área de saúde. Durante a operação “Maus Caminhos”, deflagrada em 2016, o objeto central da investigação foi o desvio de R$ 260 milhões de verbas públicas da saúde, com a realização de contratos milionários firmados com o governo amazonense. Na época em que foi governador, um relatório da Polícia Federal, o da “Operação Vertex”, em um desdobramento da “Maus Caminhos”, seu nome foi citado 256 vezes em 257 páginas. Um dos trechos do relatório fala da criação e manutenção de uma organização criminosa, construída em torno do Instituto Novos Caminhos, com participação ativa de Aziz. Cita também o recebimento de propinas por parte do atual senador, no valor de R$ 500 mil, sendo entregue de forma fracionada. Os autos, encaminhados ao Supremo Tribunal Federal para investigação do caso, terminaram em pizza, levando em conta o entendimento da Corte sobre o foro privilegiado, retornando o processo, em 2018, para o Amazonas, ainda sem decisão. Algo para ser levado em conta no palco das barbáries políticas que desenham o futuro de nosso país.

Não bastando todos esses fatos, soma-se a eles a prisão recente da esposa de Aziz, Nejmi Aziz, pela Polícia Federal, além dos três irmãos do senador, três policiais militares e mais uma pessoa não identificada. Todos eles com envolvimento na “Operação Vertex”, citada acima. Outra alvo das investigações possui mandado de prisão em aberto. Quanto à Nejmi, ela é vice-presidente estadual do PSD amazonense, tendo concorrido, nas últimas eleições, ao cargo de deputada estadual. Porém, não foi eleita. Outro dado que complementa o palco tragicômico da política nacional é o depoimento do advogado do senador Aziz, Simonetti Neto, que critica as acusações feitas a seu cliente, questionando a competência de investigar o caso do juiz que autorizou a operação e da própria Justiça Federal. Segundo ele, não existe a possibilidade de haver envolvimento de recursos federais nesse sentido. Para o advogado, “o relatório da PF é uma peça de ficção, uma obra literária”. Para completar esses feitos nada heroicos de Omar Aziz, em 2005 ele foi acusado de envolvimento em exploração sexual infantil, tendo sido absolvido por um voto. No período, houve uma movimentação da bancada e de alguns parlamentares para protegê-lo da acusação de pedofilia. Até quando devemos engolir essas manifestações descabidas e ofensivas, de braços cruzados, como ouvintes desgostosos? O Brasil adormece em meio a uma pandemia, esquecendo-se do quanto necessita de representantes que desfaçam esses nós da gestão política do país.

Diante desses episódios que encenam mais um seriado dentro da política do nosso país, como credibilizar um presidente de uma CPI com um currículo tão desabonador? O chefe de uma investigação sendo investigado por diversos crimes de corrupção na área da saúde, idoneidade moral e tantos outros. Na verdade, essa cúpula de políticos envolvidos, cria dificuldades para buscar, mais adiante, facilidades. Com isso, devem pressionar o governo, a fim de que ceda a seus interesses de ampliação de poder político perante o Executivo. O que nada mais é do que um “toma lá, dá cá” de representantes que nós elegemos, na confiança de que nos representariam. Tudo isso é um alerta para as próximas eleições do Legislativo, principalmente para a escolha dos senadores que ocuparão o lugar de representantes do povo. Se não houver uma conscientização da população em relação ao atual status político, o Brasil continuará estagnado, com essas figuras no comando. Ademais, um país que tem Lula com 40% das intenções de votos para presidente, Renan Calheiros no comando do Senado e Eduardo Cunha livre da tornozeleira, está longe de dar certo. Para tanto, vislumbramos dois caminhos: lamentar diante de uma nação agonizante ou erguer as mangas e buscar pessoas que nos representem. Fico com a segunda opção.

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