Blog do Magno Martins
O prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel (PSL), amanheceu com uma “martelada” na cabeça dada pelo conselheiro Carlos Neves, do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Menos de 48 horas depois de Raimundo Pimentel criticar a distribuição de vacinas por parte do Governo do Estado, que supostamente estaria favorecendo a gestão do PSB na capital, o TCE publicou uma multa de R$ 46 mil reais para o bolso do prefeito.
A aplicação da multa foi sacramentada no Diário Oficial do TCE de hoje. Surpreendeu em grupos de WhatsApp o valor da multa em R$ 46 mil, muito maior que os valores que o TCE costuma aplicar. Outra surpresa foi o motivo singelo dado pelo conselheiro Carlos Neves para a aplicação da multa, que o “Município de Araripina tem permanecido acima do limite de gastos previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal”. Praticamente todos os municípios pernambucanos e o Governo do Estado passam por essa mesma situação, mas os mandatários não recebem multas tão altas, mais de três vezes o salário mensal do gestor.
Raimundo Pimentel tinha se manifestado dias atrás, em termos duros, no grupo de WhatsApp da AMUPE sobre o suposto favorecimento na distribuição de vacinas e vem sustentando suas críticas. Pimentel é médico e entende do assunto.
“Não podemos aceitar nenhum tipo de discriminação. O cidadão do Interior tem os mesmos direitos do cidadão da capital”, afirmou. Nas eleições passadas, Pimentel, reeleito, impôs mais uma derrota ao PSB.
Em 16 de março, em reunião virtual com os prefeitos, um fato foi mais falado do que o próprio resultado do encontro. O governador Paulo Câmara foi questionado na frente de todos os gestores das demais cidades porque o Recife estava anunciando o início da vacinação para idosos de 70 anos enquanto que todos os demais municípios pernambucanos ainda estavam na fase acima de 74. A pergunta foi feita pelo prefeito Raimundo Pimentel, que pediu uma explicação do fato a Paulo Câmara.
Deste então, o PSB estaria “preparando a cama” contra Pimentel, dizem fontes sob reserva nos bastidores.
Resta saber se o PSB utilizará mesmo o TCE para tentar calar os prefeitos que ousem se insurgir. Em Petrolina, outra gestão de oposição, o mesmo conselheiro Carlos Neves já paralisou por várias vezes a licitação de águas da cidade, a mais importante da gestão do prefeito Miguel Coelho (MDB). Miguel quer substituir a COMPESA que, segundo a população, presta um péssimo serviço na cidade. Por coincidência, Carlos Neves só começou a paralisar a principal licitação da gestão de Miguel depois que o gestor se declarou possível pré-candidato a governador em 2022 contra o PSB e Geraldo.
O assunto mais comentado, ontem, nas redes sociais, foi o voto do relator do escândalo dos porcos no TCE, Carlos Neves, extremamente favorável à equipe do ex-prefeito Geraldo Júlio (PSB), investigada pela Polícia Federal. As orelhas do relator devem ter ardido mais ainda quando este blog noticiou que Milu Megale, sua esposa, dá o sangue para o Governo do Estado. É diretora de Marketing da Empetur, nomeada pelo governador Paulo Câmara (PSB) no início do seu primeiro mandato.
O pai de Carlos Neves tinha um cargo de assessor especial na gestão de Geraldo Júlio na Prefeitura. O tio de Carlos Neves recentemente ganhou um cargo em comissão nas gestões do PSB. Carlos Neves foi advogado de Geraldo Júlio e também advogado do PSB em campanhas eleitorais.
Movimentos sociais e advogados prometem anular na Justiça as decisões de Carlos Neves favoráveis ao PSB, por considerar que o conselheiro devia ter se declarado impedido.