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Suspeita de privilégios ao prefeito do Recife

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Foto: arquivo Blog do Roberto

Por Magno Martins

Porta-voz da insatisfação silenciosa dos prefeitos que não conseguem atender a demanda dos seus munícipes que sonham acordados com a imunização para se livrar do mal do século, a Covid-19, o prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel (PSL), rasgou o verbo, ontem, diante do governador Paulo Câmara, numa reunião por videoconferência na discussão das medidas incluídas no pacote do lockdown.

Há uma desconfiança, segundo Pimentel, de privilégios na distribuição das cotas da vacina ao prefeito do Recife, João Campos (PSB). Enquanto na capital o calendário da vacinação já entrou na faixa etária dos 70 anos, nos grotões não se cumpriu sequer a primeira dose dos que estão no grupo dos acima de 80 anos. A vacina é comprada pelo Governo Federal, mas cabe ao Governo do Estado o papel da distribuição em cima de critérios.

O critério, segundo chegou ao conhecimento dos prefeitos, se deu com base no programa da campanha da vacina do idoso contra gripe, pneumonia pneumocócica, tétano, difteria, hepatite, febre amarela, tríplice viral, herpes zóster e meningite meningocócica. Isso, proporcionalmente à densidade demográfica. Mas não é o que dizem os prefeitos que não conseguem andar com a vacina contra a covid.

“Enquanto todos os outros municípios de Pernambuco estão recebendo vacinas para imunizar a população com 80 anos ou mais, o Recife já anunciou a vacinação de idosos com 70 anos. Quero saber o porquê disso. Não é justo”, desabafou o prefeito de Araripina, a capital do gesso, maior centro urbano e econômico do Sertão do Araripe, onde a pandemia faz estragos, lota hospitais e ceifa vidas.

A cobrança ríspida de Pimentel não soou bem aos ouvidos do governador nem tampouco do secretário de Saúde, André Longo. Embora num ambiente em que as autoridades não estavam presentes, frente a frente, mas online, o tempo esquentou e gerou desconforto. O que se diz nos bastidores é que o governador cedeu uma cota maior ao prefeito João Campos por ser aliado e criar o discurso, como ele já ensaia, de que Recife é a capital do Nordeste mais avançada na imunização contra a Covid-19.

Pimentel nem é o primeiro nem será o único a exigir tratamento igualitário ao Governo do Estado. Tão logo a campanha de vacinação teve início, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), questionou o Estado quanto ao número de vacinas repassadas ao município na comparação com o Recife e chegou a ameaçar com queixa formal ao Ministério Público e ao Ministério da Saúde. O assunto, entretanto, morreu, até os prefeitos lerem, na coluna deste blog da última segunda-feira, que João Campos havia avançado bastante no calendário da vacinação e que Recife havia virado referência nacional. “Nem o governador nem tampouco o secretário de Saúde explica esse tratamento, que é desrespeitoso. A gente do Interior é igual a gente da capital”, atacou.

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