Cerca de 4,5 milhões de habitantes da capital cearense e cidades próximas terão segurança hídrica garantida. Desde 2012, estado do Ceará enfrenta uma das piores crises hídricas da história
As águas do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco chegaram nesta quarta-feira (10) ao Reservatório Castanhão, no Ceará. A barragem, que recebe águas do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), é responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza. A liberação das águas ocorreu no dia 1º de março e vai garantir segurança hídrica para os cerca de 4,5 milhões de habitantes da região, além de possibilitar a realização de testes na estrutura do CAC.
“As águas do São Francisco estão chegando ao Ceará diretamente para o Reservatório Castanhão. O povo do estado será muito beneficiado com essa obra do Cinturão das Águas”, destaca o presidente da República, Jair Bolsonaro. Até o momento, o Governo Federal já repassou R$ 1,18 bilhão para o CAC, que tem 65,41% de execução.
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, ressalta que uma das prioridades do Governo Federal é levar água para as localidades que mais precisam, sobretudo no Nordeste. “Depois de oito anos do início das obras do Cinturão das Águas, estamos chegando ao Ceará com as águas do São Francisco. Essa medida é fundamental para garantir que a população de Fortaleza e de toda a região metropolitana tenha garantido o acesso à água em qualidade e quantidade”, destaca.
Desde 2012, o estado do Ceará enfrenta uma das piores crises hídricas da história. A Região Metropolitana de Fortaleza correu riscos de precisar de abastecimento por meio de carro pipa em diversas ocasiões, como em 2016 e 2017. Antes da abertura das comportas no último dia 1º, segundo o governo do estado, o volume disponível do Sistema Integrado Jaguaribe estava em apenas 13,8%. Com essa chegada das águas do Projeto São Francisco, o abastecimento regular fica garantido.
Percurso da água
Após a abertura das comportas em Jati, as águas do São Francisco percorreram, em 10 dias, 294 quilômetros do Reservatório Jati até chegar ao Castanhão. Com uma vazão de 8 mil litros por segundo, o recurso hídrico passou pelo leito do Riacho Seco e depois pelo Rio Batateiras, que desce do Crato. Na sequência, seguiu pelo Rio dos Porcos e, depois, pelos Rios Salgado e Jaguaribe até chegar ao reservatório Castanhão.
O Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que inclui o CAC, tem 260 quilômetros de extensão, três estações de bombeamento (EBI 1, 2 e 3), 15 reservatórios, oito aquedutos e três túneis. Todas as estruturas responsáveis pela passagem de água até o Reservatório Caiçara estão concluídas, restando apenas a recuperação da tubulação em Atalho e outros serviços complementares que não comprometem a pré-operação. O total de execução física do trecho é 97,7%.
Quando todas as obras complementares estiverem concluídas e em funcionamento, a expectativa é que o Eixo Norte garanta segurança hídrica a mais de 220 cidades paraibanas, pernambucanas, cearenses e potiguares. Cerca de 6,5 milhões de pessoas contarão com abastecimento de água regular.
Projeto São Francisco
O Projeto de Integração do Rio São Francisco soma 477 quilômetros de extensão e é o maior empreendimento hídrico do País. Quando todas a estruturas e sistemas complementares nos estados estiverem em operação, cerca de 12 milhões de pessoas serão beneficiadas em 390 municípios de Pernambuco, da Paraíba, do Ceará e do Rio Grande do Norte.
O Eixo Leste, com 217 quilômetros de extensão, está em funcionamento desde 2017 e abastece 1,4 milhão de pessoas em 46 cidades pernambucanas e paraibanas. Os investimentos da União em todo o Projeto São Francisco já alcançaram R$ 12 bilhões.