O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o governo da Venezuela é uma ditadura de direita. No entanto, segundo ele, com um “discurso camuflado” de esquerda. Além disso, o magistrado garante que os regimes de Hugo Chávez e de Nicolás Maduro são orientados pelo conservadorismo. “Você acha que a Venezuela é conservadora? Certamente eu acho, desde o tempo de Chávez. Para mim, aquilo sempre foi uma tirania de direita, com um discurso disfarçado”, declarou o juiz do TSE, em entrevista ao historiador Marco Antonio Villa, transmitida no sábado 13.
A fala do ministro veio depois de ele ser interpelado sobre motivos que levaram a uma suposta perda de prestígio da democracia. Para Barroso, atualmente, o mundo vive um momento de “descrédito” das instituições. No caso do Brasil, isso se deve a “saudosistas” do regime militar. “As pessoas que não conviveram com a ditadura são influenciadas por discursos dos que têm saudades de um tempo que não houve. Há muita gente no Brasil que perdeu a fé no futuro e tem saudades do que não aconteceu”, acrescentou Barroso, ao mencionar ser necessário “desmistificar fetiches” do passado.
Entre outros pontos, o juiz do TSE destacou que a crise econômica em nosso país deixou as pessoas a mercê de “discursos populistas”. Em escala mundial, Barroso pontuou a perda de protagonismo de movimentos “progressistas”, que deixaram aberta uma lacuna a ser preenchida. “O pensamento progressista se contentou com a vitória e não em conquistar corações e mentes. Portanto, há um backlash. Logo, há uma reação do pensamento conservador, que é legítimo. O que é ruim é o extremismo, o radicalismo e a não aceitação do outro”, observou, ao usar a Venezuela como exemplo.
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