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As provas da ineficiência do lockdown

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Revista Oeste

Embora as medidas restritivas não tenham conseguido conter a pandemia em nenhum país, a turma do #FiqueEmCasa desdenha das evidências

Para muitos especialistas, a principal prova da ineficiência do lockdown é que, nos países onde ele foi mais rígido, o número de mortes não diminuiu. A Bélgica, por exemplo, que protagonizou um dos fechamentos mais radicais do planeta, inclusive usando drones para fiscalizar se seus cidadãos estavam saindo de casa, é o campeão de mortes por milhão de habitantes (1.802).

Professor do Departamento de Pediatria, Divisão de Medicina Intensiva, da Universidade de Alberta e especialista em infectologia do Hospital Infantil Stollery, em Edmonton, no Canadá, Ari Joffe era um defensor do confinamento rigoroso. Depois de avaliar os resultados práticos da medida, entretanto, o médico publicou um artigo descrevendo por que mudou de ideia. Entre os motivos, Joffe destacou que “as previsões iniciais de modelagem” induziram ao “medo” e ao “efeito manada” — ou seja, o pensamento de grupo. Além disso, o professor analisou os “danos colaterais significativos” em razão da pandemia. “No estudo de Joffe foi utilizada a metodologia de análise custo-benefício e se demonstrou que o custo — em vidas, não financeiro — do lockdown horizontal é 5 a 50 vezes maior que o da própria covid-19″, explicou o neurocirurgião Paulo Porto de Melo.

O estudo canadense evidencia as perdas, em termos de assistência à saúde, que as restrições acarretaram para toda a população. “Por exemplo, uma pessoa com dor no peito que não foi ao hospital por causa da pandemia e sofreu um infarto”, observou Porto de Melo. “Caso ela houvesse procurado um médico nos primeiros sintomas, poderia ter recebido tratamento rápido, evitando comprometimentos cardíacos mais graves ou até mesmo a morte.” O terrorismo instalado por “gestores” amparados pelo suposto “rigor científico” impediu que doenças fossem diagnosticadas precocemente e tratadas de forma correta. Isso mostra que vidas também se perdem em razão da demora ou privação de assistência de saúde impostas pelo fechamento e pelo medo gerado entre os pacientes.

Publicado pela revista britânica The Lancet em julho de 2020, outro estudo revelou que, em uma comparação entre 50 países, a covid-19 foi mais mortal em lugares com população mais velha e com maior taxa de obesidade, mas não se observou redução de mortalidade em países que fecharam suas fronteiras ou aplicaram o “bloqueio completo”. Na Universidade de Edimburgo, na Escócia, um pesquisador concluiu que as infecções na Grã-Bretanha já estavam diminuindo antes que o lockdown começasse no fim de março. Uma análise realizada pelo Instituto de Tecnologia de Karlsruhe descobriu que as infecções na Alemanha estavam se reduzindo na maior parte do país antes do início das medidas de confinamento. Também foi provado que o toque de recolher imposto na Baviera e em outros Estados não surtiu efeito. Nos Estados Unidos, menos de 1% da população vive em lares de idosos, mas, em janeiro de 2021, essa pequena fração foi responsável por 36% das mortes por covid-19 no país. Até mesmo quem estava “protegido” entre muros não escapou do contágio.

Errar e persistir

No Estado de São Paulo, várias medidas restritivas à circulação de pessoas foram impostas à população. Segundo levantamento realizado por Oeste, caso o Estado paulista fosse um país independente, o número de mortos com a covid-19 por milhão de habitantes seria maior que o do Brasil. Outro gráfico, que compara o índice de confinamento com o número de óbitos, é mais uma prova de que não há relação entre os dois.

O gráfico abaixo mostra a taxa de isolamento social e o número de mortos por dia no estado de São Paulo entre 12 de março de 2020 e 14 de janeiro de 2021. É possível notar que a oscilação nos óbitos não é influenciada pelo crescimento ou diminuição do confinamento.

Foto: reprodução

Embora as medidas restritivas não tenham conseguido conter a pandemia em nenhum país, os fanáticos pelo lockdown desdenham das evidências. Fingem ignorar, por exemplo, que a Suécia, onde não se adotou nenhuma medida de confinamento, não está sequer entre os dez países com mais mortes por milhão de habitantes.

A mudança no discurso

Como lembrou a reportagem de capa publicada na 45ª edição da Revista Oeste, no início da pandemia, ainda sem saber como lidar com o vírus, o lockdown foi implementado com o argumento de que era preciso “achatar a curva” de contágio e evitar que várias pessoas ficassem doentes ao mesmo tempo, colapsando os hospitais. A justificativa dos governantes era que precisavam de tempo para equipar o sistema de saúde a fim de atender à nova demanda. “O problema é que o lockdown deveria ter acontecido por um período de tempo curto, para que o sistema de saúde aumentasse sua oferta de leitos de UTI e capacidade de atendimento”, lembrou Porto de Melo. “É inconcebível que em um ano um gestor público não tenha conseguido ajustar o sistema de saúde para isso.”

A turma do #fiqueemcasa, entretanto, encontra agora uma razão após a outra para insistir em fechamentos, proibições, toques de recolher e outras imposições. A mais recente defende a ideia de que a liberação total só deve acontecer depois da vacinação em massa da população. A imunização contra a covid-19, contudo, ainda se encontra no início no Brasil e está provado que as pessoas, seguindo todos os protocolos de segurança, não precisam esperar trancadas dentro de casa até que ela aconteça.

“Na ausência de informação, pode-se manter o padrão de preservar a dignidade humana, a liberdade e o estado de direito, e então ir atrás de informação”, escreveu o economista Jeffrey Tucker, colunista da Revista Oeste. “Em vez disso, fez-se a opção de paralisar a sociedade por causa de incertezas.” Infelizmente, a tese do isolamento vertical, que preserva a população de risco em casa, mas permite que pessoas saudáveis retornem ao trabalho, ainda é rechaçada por grande parte da imprensa e por gestores públicos. Será que os políticos algum dia vão admitir o erro do lockdown?

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