Há uma insatisfação latente, nos bastidores do PP, com a condução que o PSB deu à formação do secretariado do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Presidente estadual do PP, o deputado federal Eduardo da Fonte disse que vai reunir a Executiva Municipal para decidir se o partido entrega os cargos na Prefeitura da Capital. “A forma como o partido foi tratado não foi como aliado. O partido foi usado”, declara o dirigente do PP-PE, Eduardo da Fonte, ao blog de Renata Bezerra de Melo, informando que a sigla estuda devolver a pasta com a qual foi contemplado.
Faz referência ao espaço que coube ao PP: a Secretaria de Habitação. O detalhe é que, originalmente, ainda durante a campanha eleitoral, a pasta que estava no radar dos progressistas era Saneamento. Ela, até então, era ocupada pelo PT, mas Oscar Barreto, entregou o comando da pasta em meio ao imbróglio entre PSB e PT durante a eleição. Na sequência, a secretaria acabou hipotecada ao PP, que optou, no entanto, por esperar a reforma do secretariado para fazer a indicação de uma vez só. Resultado: ao PP, agora, acabou sendo oferecida Habitação, cuja dimensão é menor do que Saneamento. O PP não viu com bons olhos.
Há desentendimento também em relação à eleição da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores do Recife. O PSB definiu como uma “homenagem” ao PP a eleição de Eriberto Rafael (PP) para primeira secretaria da Casa. Governistas dizem que o PSB cedeu ao retirar a candidatura de Aderaldo Pinto (PSB) ao cargo. Alegam que ele saiu do páreo numa articulação em favor dos progressistas. O PP discorda veementemente. Eduardo da Fonte subiu o tom e disse que o PSB “não bateu chapa, porque não tinha votos”.
Na análise dele, a eleição de Eriberto Rafael foi “mérito da articulação do partido”. O dirigente observa ainda que, se a acomodação não se desse, “o PSB poderia ter jogado o PP na Oposição”. E esse movimento de migrar para Oposição não está descartado ainda pelo presidente dos progressistas.
O PP fez a segunda maior bancada na Casa de José Mariano, com quatro integrantes. O PSB, maior bancada, fez 12 vereadores. Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o PP tem bancada idêntica ao PSB, 11 deputados estaduais cada.
Os progressistas ainda miram a Secretaria de Agricultura na gestão Paulo Câmara. Em tese, ela já estaria hipotecada à legenda. A pasta está entre as que permitem maior capilaridade e entregas. Hoje, está ocupada pelo PT. O PDT também trabalha para comandá-la. E, aí, já é outra costura paralela.