Por Magno Martins
De olho fixo no projeto de perpetuação no poder, o PSB de Pernambuco não esperou sequer romper o ano novo e já anunciou o local de despacho do seu candidato a governador, o agora ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio, a partir desta semana: a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Na sua estrutura está a gestão de Suape e por ela passam todos os investimentos privados do Estado.
Para bombá-la, em tempos bicudos agudizados pela pandemia do coronavirus, é necessário um piloto que tenha, sobretudo, articulação política. Posto por indicação do próprio Geraldo, o antecessor Bruno Schwambach, que já se despediu, passa o cargo para o próprio padrinho sem deixar o saldo que se esperava dele como empresário bem-sucedido.
Porque essa é uma tarefa que empreendedorismo rima com articulação política. E nessa seara, Schwambach não navega, não é do ramo, ilustre desconhecido. Daí, a razão da escolha de Geraldo pelo governador. Em oito anos à frente da Prefeitura, Geraldo, aquele que fez e fazia, segundo carimbou o ex-governador Eduardo Campos, não atraiu, entretanto, nenhum grande investimento para o Recife.
Oxalá não repita esse desempenho pífio como “vendedor” das vocações e potenciais do Estado. Secretário de Desenvolvimento vende estrutura, negocia facilidades e, como bom gerente, barra a terrível burocracia, motivo maior do afastamento dos investidores que, nos últimos anos, se transferiram de Pernambuco para a Bahia e o Ceará, Estados que priorizam e tratam com pão de ló quem faz negócios e gera empregos.
Mas Geraldo secretário é o Geraldo do palanque de governador em 22. Como tal, tem pela frente o grande desafio de fazer da pasta uma vitrine para não ser esquecido pela mídia nem deixar de pavimentar sua candidatura. O tutor Eduardo Campos, que o descobriu trabalhando para o então prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho, quando ministro da Ciência e Tecnologia, pasta que ninguém se destaca, fez do limão a limonada. O limão, Câmara já deu. Restará, com o tempo, Geraldo transformá-lo em limonada.