Por Magno Martins
Se a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa fosse hoje, o trabalhista Álvaro Porto teria amplas chances de derrotar o presidente da Casa, Eriberto Medeiros (PP). Porto é, hoje, estuário da extrema insatisfação dos deputados queixosos da gestão e do estilo Eriberto. Não dado a nenhum esforço pessoal pelo exercício da ternura, Eriberto só teria hoje 18 votos.
Já Porto, que está despontando com pinta de azarão, contabiliza, no momento, 20 votos dentro do seu balaio, enquanto 11 estão indecisos. Historicamente, o indeciso tende, majoritariamente, a votar na oposição pelo acumulado de decepções com quem está no poder.
Eriberto conseguiu a façanha, em apenas dois anos, de desagradar gregos e troianos. Não tem pulso, não tem liderança e é, na verdade, subalterno a um governador fraco e incompetente, detentor da maior taxa de rejeição entre os chefes de Estado dos últimos 50 anos, chamado de Câmara lenta pelos próprios aliados. Eriberto não atende telefone nem mesmo dos próprios colegas de parlamento.
O poder, que imagina que detém, subiu à cabeça. Os deputados reclamam que nas eleições municipais Eriberto invadiu bases, usou até de coação para eleger 20 prefeitos e um filho vereador no Recife, atropelando aliados num estilo coronelesco nunca visto no parlamento. Nem Guilherme Uchoa, já morto, que teve seis mandatos de presidente num estilo também mais para Chico Heráclio, o famoso Coronel de Limoeiro, ousaria tanto.
Há quem questione o direito de Eriberto em disputar a reeleição, porque já foi reeleito em 2019, depois de ser eleito em 2018, ano da morte de Uchoa, após 30 dias de mandato tampão do então vice-presidente Cleiton Collins. Haverá consulta ao Judiciário, podendo ocorrer o mesmo que se deu na última reeleição de Uchoa.
Os indicativos são, portanto, de que Eriberto, se a Justiça permitir a segunda reeleição, entre enfraquecido e sofra uma acachapante derrota. Hoje, a sorte dele depende da caneta de um governador que só tem um aliado respeitado entre os deputados, que pode evitar a chegada do azarão Porto ao poder: o hábil secretário de Governo, José Neto. Os ventos na Casa Joaquim Nabuco sopram em direção a Álvaro Porto.