Por Magno Martins
Após o tombo do primeiro turno, no qual por pouco não foi deixado para trás pela candidata do PT, Marília Arraes, João Campos (PSB) deu declarações usando a estratégia de jogar a corrupção no colo da adversária por ser do Partido dos Trabalhadores, legenda que se confunde com o que há de mais sujo no País, graças ao desfecho da operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Lula a ver o sol nascer quadrado.
João esqueceu o semancol em casa. Majoritariamente, o PT está alojado no Governo que ele serve, no Estado e na Prefeitura do Recife. A turma do senador Humberto Costa, que sabotou a candidatura de Marília no primeiro turno, tem uma aliança histórica com o PSB. Principal porta-voz de Humberto, Dílson Peixoto é secretário de Agricultura do Governo Paulo Câmara e o partido ocupa mais de 200 cargos no Estado e na Prefeitura.
Foi ao PT que o PSB recorreu em 2018 para, numa aliança “pragmática”, se manter no poder, derrotando Armando Monteiro (PTB). João não pode jogar pedras no PT dele e dos seus aliados governistas, porque o seu PSB também se confunde com roubalheira. Lá atrás, o Governo do seu pai, Eduardo Campos, foi objeto de operações da Polícia Federal. Em âmbito municipal, recentemente Geraldo Júlio assistiu a mesma PF subir as escadas da Prefeitura por seis vezes.
João deveria, portanto, ser melhor orientado, porque se sua propaganda eleitoral no rádio e na TV, que começa amanhã, se der na direção de carimbar Marília como patrona da corrupção do PT, o efeito será ao contrário. Dizem que a corrupção é um crime sem rosto, mas se João quiser, como parece dar sinais, dar um tiro no pé, o rosto já tem cor e cara: PSB.
Santo Agostinho dizia que com a corrupção morre o corpo, com a impiedade morre a alma. Em essência, a corrupção política é apenas uma consequência das escolhas do povo. No Recife, o povo vai novamente se manifestar em eleição de segundo turno no próximo dia 29. Esse mesmo povo, se tiver juízo, votará com o discernimento de que acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder.
Mais corrupção – Antes mesmo de começar a propaganda eleitoral no rádio e na TV no Recife, o PSB, que disputa o segundo turno com João Campos sofreu um revés: O relatório oficial do Tribunal de Contas do Estado confirmou, ontem, segundo antecipei com exclusividade, as irregularidades na compra de 500 respiradores da microempresária veterinária Juvanete Barreto Freire, sem licitação, pelo valor total de R$ 11 milhões. É o caso dos respiradores testados em porcos que a gestão de Geraldo Júlio queria que fossem usados pela população recifense na covid-19.