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Em carta para justificar estouro da meta, presidente do BC critica decisões do governo

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Em 13 páginas, Tombini fala abertamente, pela primeira vez, como decisões da equipe econômica promoveram alta de preços.

Agência O Globo

BRASÍLIA – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, divulgou na noite desta sexta-feira, a carta que enviou ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para justificar o descumprimento da meta de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 10,67% em 2015 e o objetivo do BC era de 4,5%. Em 13 páginas, Tombini fala abertamente, pela primeira vez, como decisões da equipe econômica provocaram alta de preços. Ele ataca, principalmente, o fato de o governo enviar para o Congresso Nacional um orçamento deficitário para este ano e admite que isso fez o dólar (um dos principais vilões da inflação do ano passado) subir rapidamente.

“Em julho, o anúncio de alterações nas trajetórias para as variáveis fiscais afetou as expectativas de inflação e os preços de ativos e contribuiu para criar uma percepção menos positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo. No final de agosto, a perspectiva de nova mudança de trajetória para as variáveis fiscais, implícita na proposta orçamentária para 2016, novamente afetou as expectativas e, de forma significativa, os preços de ativos”, frisou Tombini, que disse que o processo foi agravado pelo rebaixamento da nota de crédito soberano por duas das mais importantes agências de classificação de riscos.

Alexandre Tombini disse que isso interrompeu um processo de ancoragem das expectativas que estava em curso desde o fim de 2014. Para piorar o quadro, mudanças no gerenciamento da política cambial na China contribuíram para mais alta do dólar e um repasse maior para a inflação brasileira. O Banco Central também culpa o aumento de tarifas públicas (como a alta da conta de luz) feito no ano passado pelo descumprimento da meta. E ainda indicou que deve haver mais altas de juros:

“Não obstante o esforço de política monetária já realizado, vale reiterar que, nas atuais circunstâncias, a política monetária deve manter-se vigilante para conter eventuais efeitos adicionais resultantes dos dois importantes processos de ajustes de preços relativos que dominaram a economia em 2015. Só assim será possível ancorar as expectativas, um dos pilares do regime de metas para a inflação, e assegurar a convergência da inflação para a meta”.

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