Ex-presidente defende volta do Conselhão, ampliação da base e aproximação com Renan.
Agência O Globo
RIO E BRASÍLIA — Em reunião com a presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ela precisa recompor sua base de apoio na Câmara e sinalizar mudanças na política econômica até março, quando o impeachment voltará à pauta com o fim do recesso do Congresso.
Segundo o relato de participantes do encontro, Lula afirmou que a melhora dos indicadores econômicos é fundamental para barrar a tentativa de afastamento da presidente.
Para Lula, Dilma deve aproveitar o mês de janeiro para conversar com parlamentares, mesmo que seja pelo telefone, e ressuscitar rapidamente o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Criado por ele, o Conselhão reúne empresários e representantes da sociedade civil.
Além de ampliar sua margem de votos na Câmara, o ex-presidente defendeu que Dilma invista na aproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se tornou um dos principais aliados do Palácio do Planalto e fundamental para barrar o impeachment.
O encontro, no Palácio da Alvorada, durou cerca de duas horas. Também estavam presentes o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão.
No início da reunião, Dilma mandou chamar o ministro Nelson Barbosa (Fazenda), mas Lula vetou, dizendo que não tinha ido ao Alvorada discutir economia, e sim conjuntura política e estratégias para 2016.
Mesmo assim, ele disse que é preciso liberar crédito e reduzir a taxa básica de juros para aquecer a economia. O ex-presidente quer ainda que Dilma atenda os estados, dando aval, por exemplo, para empréstimos externos.
Desde o início do segundo mandato de Dilma, Lula e o PT vêm pressionando por mudanças na política econômica. As cobranças continuaram depois da saída de Joaquim Levy do comando do Ministério da Fazenda.
Descontente com o discurso do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, o presidente do PT, Rui Falcão, defendeu, no último dia 28, “uma nova e ousada política econômica para 2016”.
Na reunião desta terça-feira, Lula insistiu para que Dilma vá mais para a rua, viaje o país e mostre obras e realizações do governo.