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Mamãe Dilma: ‘A gente pode dar uma envergadinha, mas não quebra’

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Discurso em Pernambuco foi recebido com aplausos e gritos de ‘Não vai ter golpe.

Agência O Globo

FLORESTA (PE) – A presidente Dilma Rousseff usou uma expressão comum no Nordeste para dizer que permanece presidente em 2016 e que vai superar a crise do impeachment, processo que teve início na Câmara dos Deputados há 20 dias. Na inauguração da segunda estação de bombeamento (EBV-2) do eixo leste da transposição do Rio São Francisco, na região de Floresta (PE), a 435 quilômetros de Recife, Dilma disse que pode “envergar”, mas não vai “quebrar”.

– Sou daquele tipo muito característico aqui do Nordeste: a gente pode dar uma envergadinha, mas não quebra não. Nós vislumbramos a chegada de tempos melhores em 2016 – disse a presidente no fim da tarde desta terça-feira, a um público formado por militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), comunidades quilombolas e indígenas, sindicatos rurais, produtores da região e prefeitos do semiárido que vêm enfrentando o problema da seca prolongada.

O discurso de Dilma foi recebido com aplausos e gritos de “Não vai ter golpe” e “Fora Cunha”, em relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Foi o presidente da Câmara que aceitou há 20 dias o processo de impeachment.

– Nós vivemos num país democrático. O governo tem um compromisso: vencer a crise, continuar garantindo emprego de qualidade e renda à população. Nada vai me demover desse caminho. Tenho orgulho de ter um patrimônio só: meu nome, meu passado e meu presente – afirmou Dilma, em mais uma crítica velada a Cunha, suspeito de alimentar e omitir contas bancárias na Suíça por meio de empresas offshore.

Dilma se valeu de outra metáfora para dizer que vai superar o processo de impeachment, com referência à flor do mandacaru, abundante na região do semiárido.

– Perguntei hoje ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara: o mandacaru é a árvore mais simbólica aqui do semiárido, não é? Ele disse que era. Eu sempre olho para o mandacaru e acho muito bonito que uma flor viceje no meio dos espinhos. Se os espinhos são a crise, a flor vai vicejar – afirmou a presidente.

A transposição do São Francisco, em seu eixo leste, tem duas estações de bombeamento funcionando na região de Floresta, responsáveis por fazer a água correr por 34 quilômetros de canais. Reservatórios já estão cheios, como o de Areias. Braúnas está com ocupação de 20%. A água que lá está foi bombeada pela estação que Dilma inaugurou – a estação já funcionava há dois meses. O Ministério da Integração Nacional informou, no entanto, que a estação passava por teste e que passou a funcionar somente hoje, quando a água foi levada para todo o percurso previsto.

– A água no Brasil muitas vezes é transformada em energia. Aqui, a energia é transformada em água, tirada lá embaixo e trazida aqui para cima. Com segurança hídrica, a prosperidade vai crescer nessa terra – disse a petista, que prometeu mais uma vez concluir a transposição do São Francisco, uma obra iniciada em 2007, até o fim de 2016.

Dilma estava acompanhada dos governadores de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB); e do Ceará, Camilo Costa (PT). Apenas quatro deputados federais e um senador, Humberto Costa (PT-PE), acompanharam a presidente na visita à obra em Pernambuco. Os ministros da Saúde, Marcelo Castro (PMDB); da Integração Nacional, Gilberto Occhi (PP); e das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), estavam na comitiva.

Mesmo com a estação de bombeamento já em funcionamento, Dilma subiu até o alto da obra e fez o acionamento das máquinas. Depois, tirou fotos com trabalhadores do consórcio contratado. Estava sorridente e tranquila. No discurso, não cometeu nenhuma gafe.

– A integração do São Francisco é uma realidade muito importante pro Brasil. Eu considero que no meu período de governo é a obra mais prioritária do ponto de vista do efeito que ela terá na vida de milhões de moradores do semiárido – disse a presidente.

Ela afirmou estar “preocupada” com a seca no Nordeste:

– Nós estamos preocupados sim. Já enfrentamos o quinto ano seguido de seca no Nordeste. Com a dificuldade que for, nos não deixaremos de concluir essa obra no ano que vem. Até porque esse país é grande o suficiente para, ao mesmo tempo que faz equilíbrio fiscal, nas contas do governo, investir em obras como essa.

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