Por Magno Martins
Praticamente fechado para o turismo, sua mola mestra da economia, o paradisíaco arquipélago de Fernando de Noronha vive uma crise sem precedentes. Os tempos de escuridão começaram em março com a chegada da pandemia e nunca mais clarearam. Pelo contrário, a visão obtusa do Governo de Pernambuco acelera a crise com um protocolo de medidas ridículas para frear a pandemia. Ao invés de conhecer as belezas da ilha, os turistas, que levam riqueza ao local, ficam confinados nos hotéis até que o Governo comprove que não estão afetados.
Faltam competência e conhecimento em medidas preventivas mais eficazes e menos constrangedoras. Sem turistas, as companhias aéreas que operam em Noronha suspenderam 98% dos voos. Depois de 120 dias, abriram dois voos, mesmo assim sem espaço para os turistas, lotados por moradores e por quem tem negócios por lá. O protocolo lembra muito a dureza das medidas da Cuba de Fidel Castro e por isso mesmo haverá um grande protesto, hoje, a partir das oito horas, pelas ruas do Recife. O Governo quer fechar a ilha, um patrimônio mundial da humanidade.
Em 2001, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) oficializou o reconhecimento do arquipélago de Fernando de Noronha como Patrimônio Natural da Humanidade por ser um dos mais importantes parques marinhos do mundo. Com o reconhecimento, Noronha passou a ser área de preservação obrigatória. Já em 2017, o Governo Federal transformou o conjunto histórico do Arquipélago de Fernando de Noronha Patrimônio Cultural do Brasil.
O Ministério da Cultura, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), homologou o tombamento das fortificações e do conjunto urbano da Vila dos Remédios, incluindo algumas de suas edificações históricas. Integra o Conjunto Histórico do Arquipélago de Fernando de Noronha o Sistema Fortificado, composto pelos Fortins de Santo Antônio, de Nossa Senhora da Conceição, de São Pedro do Boldró e o Reduto de Santana.
Também o Conjunto Urbano da Vila dos Remédios, incluindo a vila ou colônia prisional e o centro urbano do povoamento da ilha; além dos seguintes bens isolados: a Vila da Quixabá, a capela de São Pedro dos Pescadores, o prédio da Air France e um testemunho da presença Americana na Ilha (“iglu” da Vila dos Americanos). Se já era atrativa, a ilha passou a ser cobiçada no mundo inteiro. Segundo pesquisa da Embratur, 98% dos brasileiros gostariam de conhecer Noronha.
Mas o Governo de Pernambuco maltrata a ilha. Suas rígidas e burras medidas, tendo como justificativa a pandemia, quebraram donos de pousadas, fecharam restaurantes, suspenderam voos, obrigaram muita gente a fechar lojas comerciais e adiar novos investimentos. Parece perseguição ou visão caolha, porque o turismo já foi aberto em todos os demais centros turísticos, como Porto de Galinhas, que, neste feriadão, virou um inferno, com aglomerações de turistas e visitantes nas praias, hotéis e pousadas.
Dois pesos, duas medidas.