Cientistas da Universidade de Hong Kong afirmam ter detectado sequências genéticas diferentes na primeira e segunda infecção por coronavírus
Um paciente foi diagnosticado novamente com covid-19 mais de quatro meses após ter contraído a doença, afirmaram cientistas da Universidade de Hong Kong. O estudo foi publicado no Clinical Infectious Diseases, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
“Um paciente aparentemente jovem e saudável teve um segundo caso de infecção por covid-19, que foi diagnosticado 4 a 5 meses após o primeiro episódio”, afirmaram os pesquisadores em um comunicado nesta segunda-feira (24), divulgado pelo jornal norte-americano The New York Times.
Os pesquisadores sequenciaram o vírus de ambas infecções e encontraram diferenças nos dois conjuntos de vírus, sugerindo que o paciente foi infectado pela segunda vez.
O caso registrado é de um homem de 33 anos que apresentou sintomas leves na primeira vez que teve a doença e nenhum sintoma da segunda, segundo o jornal. A reinfecção foi descoberta quando ele voltou de uma viagem à Espanha, segundo os pesquisadores. O vírus sequenciado era muito parecido com a cepa que circulou na Europa em julho e agosto.
“Nossos resultados provam que a segunda infecção é causada por um novo vírus que ele adquiriu recentemente, em vez de uma disseminação viral prolongada”, explicou Kelvin Kai-Wang To, microbiologista clínico da Universidade de Hong Kong, ao The New York Times.
O relatório gera preocupação, pois sugere que a imunidade ao novo coronavírus é temporária – pode durar apenas alguns meses em algumas pessoas – e compromete as vacinas que estão sendo desenvolvidas.
Já foram relatados outros casos de reinfecção presumida nos Estados Unidos e em outros lugares, inclusive no Brasil, mas nenhum desses casos havia sido confirmado cientificamente. O que se sabia até o momento é que pacientes recuperados são capazes de liberar fragmentos virais por semanas, o que pode resultar em testes positivos mesmo com a ausência de vírus vivos, ressalta o jornal
Especialistas acreditavam que o novo coronavírus pudesse se comportar mais como seus “primos” SARS e MERS, que pareciam produzir imunidade mais duradoura que os coronavíorus do resfriado comum, que duram menos de um ano.
A líder técnica da OMS (Organização Mundial de Saúde) Maria van Kerkhove, afirmou que é possível que esse seja o primeiro caso confirmado de reinfecção da covid-19.
No Brasil, uma técnica em enfermagem de 24 anos voltou a apresentar sintomas da covid-19 pouco mais de um mês após ter testado positivo em um exame RT-PCR, que identificou o Sars-Cov-2 no seu organismo em 13 de maio e, depois, em 27 de junho.
A informação foi confirmada pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, por meio de estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da USP, e afirma que “a reinfecção e o adoecimento em mais de uma ocasião são eventos possíveis”.