Por Magno Martins
A nova realidade imposta às empresas estaduais de saneamento, estabelecida através do novo Marco Regulatório, uma pandemia e o relevante aumento do interesse privado nesse setor, até então monopolizado pelas empresas estatais, impõe aos governos estaduais uma grande responsabilidade com a gestão e a autonomia destas empresas para que, nesse novo momento, a eficientização e modernização das companhias estaduais possam, em conjunto com a iniciativa privada, garantir a universalização do saneamento básico.
Esse caminho, vislumbrado e, dentro do que foi possível, implantado pelo ex-governador Eduardo Campos, como uma vertente essencial para a melhoria da qualidade vida dos pernambucanos, foi e está sendo destruída no governo Paulo Câmara. A “entrega” da administração da estatal ao prefeito do Recife, Geraldo Julio, aliada a uma gestão amadora e desastrosa de Manuela Marinho, impõem resultados terríveis a uma empresa que já foi considerada a melhor empresa de saneamento do país por três anos consecutivos, conforme divulgado pelas revistas Época Negócios e IstoÉ Dinheiro.
Totalmente perdida, sem planejamento, sem comando, sem respaldo dos funcionários, sem conhecimento técnico e sem comprometimento, a gestão de Manuela Marinho conseguiu destruir em um ano o que foi construído em dez. Hoje, a Compesa amarga recordes de reclamações, obras paralisadas, contratos desvantajosos, interferência direta de empreiteiros, com cargos sendo preenchidos por indicação política com pessoas que não entendem nada de saneamento e gestão pública, e uma diretoria subserviente que, mesmo com a metade dos cargos sendo ocupados por funcionários de carreira da estatal, se calaram diante do desmonte que foi feito, recentemente, no setor de recursos humanos da empresa, e se calam diante de tudo. Não há espaço para o contraditório. Uma vergonha!
Com um lucro líquido acumulado no período de 2011 a 2019 no montante de R$ 1.102.122.000,00 (um bilhão, cento e dois milhões e cento e vinte dois mil reais), com mais de 7 mil vagas de empregos diretos e indiretos espalhados em todos os recantos dos estado de Pernambuco e 500 cargos comissionados, a Compesa despertou ambiciosos interesses políticos e sucumbiu a ganância do prefeito Geraldo Julio, que venceu a resistência do governador Paulo Câmara e implantou na estatal a gestão de desmonte e descontrole para facilitar a viabilização de seu projeto político para 2022.
A Compesa estava no caminho certo, sendo preparada para o novo cenário de mercado, firmando parcerias e implantando um novo modelo de gestão do saneamento, com funcionários engajados e motivados para a construção de uma nova empresa, em uma nova realidade. Era referência nacional e tinha lugar de destaque nas discussões e decisões do país para os novos rumos do saneamento. Hoje, com um ano da nova gestão, há apenas muito amadorismo, incompetência, ingerência política e interferência direta de empreiteiros na gestão da estatal.
O governador Paulo Câmara poderia não ter deixado essa marca em seu governo.