O empresário brasileiro está dando prioridade ao produto nacional. Pelo menos essa é a percepção do presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger. E isso, segundo ele, estaria por trás do crescimento da confiança do setor industrial nacional.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria (CNI), havia despencado em abril e chegado a 34,5 pontos em uma escala de zero a 100. O levantamento divulgado na última quarta-feira (12) mostrou que, em agosto, esse índice ficou em 57 pontos, “o que significa que a confiança voltou de forma disseminada”, segundo informou a CNI. De acordo com a entidade, valores acima de 50 pontos indicam confiança do empresário e quanto mais acima, maior e mais disseminada.
“No meu segmento, a normalidade foi atingida em julho e está se mantendo em agosto”, disse Essinger. Ele atribui isso a queda nas importações da China. “Muitos empresários que compravam matéria-prima chinesa estão reduzindo os pedidos por desconfiança”, disse o presidente da Fiepe, alegando temor de nova onda da covid-19 e seus efeitos negativos sobre as importações.
Mas não é só isso. Segundo Essinger, a pandemia parece ter mudado o mindset dos empresários. Essa crise nos fez ver como é importante valorizar a indústria nacional. Se pagamos um pouco mais caro por um produto nacional temos, por outro lado, o retorno dos impostos em nossa economia”, ressalta.
O negócio de Ricardo Essinger é a produção de dióxido de ferro, que compete diretamente com o produto importado da China. E foi justamente a redução das compras ao país chinês que ajudou a elevar a produção local e aquecer os ânimos. Seus clientes, as indústrias de tintas, de pré-moldados de cimento e de borracha, estão comprando em bom ritmo. “Sinal de funcionamento pleno do segmento industrial”, diz.
Diante deste cenário, Ricardo Essinger acredita numa recuperação mais rápido da economia nacional, com uma queda do PIB na faixa de 4%, projeção mais positiva do que a esperada. “Contribui para isso um mercado interno forte, com mais de200 milhões de pessoas, e o programa emergencial do governo federal, que socorreu a baixa renda com auxílio financeiro”, analisa, ressaltando que este é o momento de o governo estimular o consumo nacional. “Vimos, nesta pandemia, como isso é importante”.