Por Magno Martins
É inadmissível que em meio à pandemia, com decisões extremadas pelo isolamento social como o estágio de lockdown, primeiro na Região Metropolitana e agora no Agreste e Sertão, Pernambuco continue campeão em violência urbana. O último fim de semana foi de terror com chacina resultando na morte de cinco pessoas em Ipojuca, região turística, mãe de Porto de Galinhas, e o assassinato de um blogueiro em Rio Formoso, junto com um filho de apenas 15 anos.
Aonde chegamos? Se com bares fechando às 20 horas, no mesmo horário de restaurantes, a situação está assim, imagine com o liberou geral? Cadê o Pacto pela Vida? Desde a morte de Eduardo Campos, há seis anos completando na próxima quinta-feira, o Estado perdeu completamente o controle dos crimes letais. Eduardo fiscalizava e acompanhava o programa como se fosse sua principal vitrine do Governo. Quanto menos crime, mais premiação aos agentes envolvidos em suas respectivas áreas.
Era um tempo em que se contavam mortes para menos, não para mais como agora. Um tempo em que Pernambuco ganhava prêmios nacionais e internacionais, tempo em que governadores e até o presidente da República se referiam ao modelo do pacto como laboratório testado e copiado. Cinco mortes numa noite sangrenta em Ipojuca, com mais 12 feridos, levam Pernambuco, novamente, às páginas policiais dos jornais nacionais e aos telejornais da criminalidade.
Isso é como crescer feito rabo de cavalo – para baixo. Nesse ritmo, daqui uns dias o Estado volta a ocupar, novamente, a liderança do ranking da violência no País, batendo, proporcionalmente, São Paulo e Rio de Janeiro. Se a procura de turistas já caiu drasticamente pela pandemia do coronavírus, agora chegará ao fundo do poço em consequência das cenas de bang-bang, de um faroeste inadmissível, um novo território sem lei lembrando a época do cangaço.
Pernambuco já perdeu muitos investimentos e turistas por outro motivo lá atrás: os ataques de tubarões na praia de Boa Viagem. Depois, o derramamento de óleo, que tomou conta de todo o litoral não apenas pernambucano, mas nordestino. Tudo isso é plenamente recuperável, mas violência não. Quando se perde o controle desta, o medo afugenta e não há outra saída que não passe por uma nova política capaz de restaurar o sucesso do Pacto pela Vida.