Por G1
A delegada Milena Caland, da Polícia Federal, afirmou que a deputada federal Rejane Dias (PT) e o irmão dela, Rogério Ribeiro, alvos da terceira fase da Operação Topique, receberam “vantagens indevidas” em razão de contratos superfaturados para prestação do serviço de transporte escolar.
“Ao longo da análise constatou-se que houve recebimento de vantagem indevida por ela e parentes dela”, afirmou a delegada.
Os crimes teriam acontecido quando a congressista foi secretária estadual de educação do Piauí, durante três períodos entre os anos de 2015, 2016 e 2017. Rejane Dias não passou todo o período como secretária porque em alguns momentos deixou o cargo para atuar como deputada.
A declaração foi dada em entrevista a jornalistas após a PF deflagrar a operação nesta segunda-feira (27). Rejane Dias é mulher do governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Segundo Caland, Rejane Dias é investigada porque era secretária de educação do estado quando foram realizados dois pregões, de 2015 e 2017, em que foram encontradas as irregularidades que deram início às investigações, em 2018.
Além de Rejane Dias e do irmão, foram alvos da operação servidores da cúpula da Secretaria de Educação do Piauí e pessoas que agiam como intermediários entre esses servidores e empresários do setor de transporte escolar. Ainda segundo a PF, o governador Wellington Dias não é um dos investigados.
A PF informou que os principais alvos da operação de hoje foram quatro servidores que eram lotados no setor financeiro da Seduc, e que portanto tinham papel importante na conclusão dos pagamentos feitos pela secretaria. Três deles foram afastados de suas funções.
Em nota à imprensa, a deputada federal Rejane Dias disse que recebe com tranquilidade os desdobramentos da Operação Topique, e afirma que permanece à disposição para esclarecimentos a todas essas alegações. O G1 tentou, mas não conseguiu contato com o irmão de Rejane Dias. O governador Wellington Dias (PT) classificou “como mais um espetáculo” a terceira fase da Operação Topique.
Como funcionava o esquema
Sede da superintendência da Polícia Federal em Teresina – Piauí — Foto: Ellyo Teixeira/ G1 PI
As empresas de transporte escolar, segundo a PF, eram escolhidas em licitações fraudulentas, manipulando os processos de forma organizada, entre si, para vencer os contratos. A PF disse ainda que essas fraudes contavam com o apoio de agentes públicos da Secretaria Estadual de Educação, que faziam a escolha das empresas “pré-selecionadas”. A PF não informou detalhes de como a ex-secretária atuou efetivamente no esquema.
O serviço é custeado pelos recursos do Programa de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB).
A investigação da Polícia Federal revelou que as empresas investigadas recebiam o dinheiro dos fundos de educação e, em vez de prestar o serviço de transporte, usavam o dinheiro para contratar outras empresas e motoristas. O resultado era o transporte de alunos feito por carros sem segurança.