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Gabinete do ódio foi criado pelo PT, diz Cristovam Buarque, em live

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Por Magno Martins

Na live a este blog, há pouco, o ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania-DF) afirmou que o Gabinete do Ódio não é cria de Bolsonaro, mas do Governo de Lula, dos radicais serviçais do PT e que foi uma das primeiras vítimas após votar pelo impeachment de Dilma, em 2016. Segundo ele, seu voto no processo do impeachment o fez perder grandes e antigos amigos e muitos eleitores, ser criticado e ouvir repúdios publicamente. Conforme contou, chegou ao ponto em que suas netas foram interpeladas por grupos com cartazes dirigidos a elas com os dizeres “seu avô é golpista”. “Isso, sim, é produto do Gabinete do Ódio instalado pelo PT”, afirmou.

“Passei por um abalo emocional grande em razão da decisão que tomei, mas não me arrependo. Vinha falando há anos em responsabilidade fiscal e cheguei a realizar audiências públicas no Senado para discutir o tema. Não poderia agir diferente, seria uma incoerência”, ressaltou.

Cristovam afirmou que a esquerda progressista do país, incluindo ele próprio, não se elegeu em 2018 porque estava na hora de mudar. Ele não considera que Bolsonaro ganhou as eleições que o colocaram na cadeira de presidente da República.

“O Bolsonaro não ganhou, fomos nós que perdemos. O eleitor é sábio. Queria coisa nova e mostrou isso nas urnas”. destacou. “Não votaram para elegê-lo, votaram para que nós não ganhássemos”, acrescentou.

A tese de Buarque, que está sendo divulgada no livro de sua autoria intitulado “Por que falhamos”, que tem repercutido em todo o país, é de que existem 24 erros cometidos pela esquerda progressista brasileira de 1994 até hoje. Dentre esses, ele destaca a falta de união entre os partidos, a negação em admitir os erros do passado, o fato de os governos “não terem deixado um país bom” e a corrupção.

“Tudo de bom que se fez ainda foi muito pouco. Não levou a transformações profundas no país”, frisou. A seu ver, mesmo as transformações provocadas na mesa dos brasileiros com o programa Bolsa Família – criado a partir do programa Bolsa Escola, implantado na sua gestão como governador do Distrito Federal – é considerado muito pouco.

Para o ex-ministro, a mudança do regime ditatorial para o democrático foi um avanço, mas os governos não conseguiram avançar a partir daí. “O ideal seria que tivéssemos construído um projeto de transformações para o Brasil em 20, 30 anos, o que não foi realizado”, disse.

Ele citou como exemplo a Educação. Afirmou que assumiu o ministério, no governo Lula, pensando em preparar o caminho para que em três décadas o país passasse a ter as melhores escolas do mundo e que os filhos dos mais pobres pudessem estudar em escolas tão boas quanto as frequentadas pelos filhos dos mais ricos.

“Entrei no Ministério pensando em ser o ministro que iria erradicar o analfabetismo no país”, disse, ao afirmar que ficou “ao mesmo tempo frustrado e aliviado” com a demissão.

Cristovam ficou pouco mais de um ano no cargo e saiu após ser demitido pelo telefone, por Lula, durante viagem fora do país. “Hoje avalio que fui demitido porque cuidei muito da educação de base, quando os governos preferem cuidar do ensino superior. Acho que a educação de base que é a grande responsável pelas transformações de que falo”.

O ex-senador também reclamou das universidades. Em sua opinião, a comunidade acadêmica brasileira não fez uma discussão crítica sobre a corrupção no país, nas últimas décadas. “Não debatemos esta e outras questões importantes como a gratuidade dos serviços, por exemplo. Ficamos mais ao lado dos trabalhadores sindicalizados do que do povo”, destacou.

Cristovam informou que está participando de vários movimentos de apoio à democracia, fortalecimento das instituições e contrários a Jair Bolsonaro, mas afirmou que acha que o segundo turno nas eleições presidenciais de 2022 vai repetir o pleito de 2018 e dar o candidato do PT com Bolsonaro na disputa final.

Perguntado se vê riscos hoje à democracia ele disse que riscos sempre existem, mas não acha que o presidente tenha condições de dar um golpe nas atuais circunstâncias, até pelas suas características.

“Os ditadores são extremamente carismáticos, possuem inteligência privilegiada e boa dose de brutalidade. Dessas qualidades só vejo em Bolsonaro a brutalidade”, ironizou.

Sobre o ex-ministro Sérgio Moro, Buarque destacou que não vê nele um futuro presidente da República, porque seu eleitorado de raiz é o eleitorado de Bolsonaro.

O ex-senador disse que não viu muitas provas no caso do apartamento tríplex que levou Moro a incriminar Lula e o levar à prisão. Apesar disso, respeitou a posição dele enquanto magistrado, embora não nutrisse simpatia por sua pessoa, mas considerou o maior erro de Moro ter aceitado integrar o governo Bolsonaro.

Cristovam Buarque também falou sobre o novo ministro da Educação, o militar Carlos Alberto Decotelli da Silva. Afirmou que nunca ouviu falar em Decotelli, mas que no atual governo “o fato de ele não ser conhecido é positivo, diante de tanta coisa negativa observada nos ministros anteriores que ocuparam a pasta nesta gestão de Bolsonaro”.

Sua avaliação é de que, com todas as mudanças, o governo mostrou que não tem clareza, nem continuidade ou linha de trabalho, além de não saber escolher bem as pessoas para ocupar os cargos.

“O último ministro (Abraham Weintraub) da Educação saiu passando a impressão de que estava fugindo. A passagem dele pela Educação foi péssima. Mesmo o governo Bolsonaro nunca tendo sido um governo bom, perdeu bastante com esse ministro”, destacou.

Ao falar sobre suas raízes pernambucanas, o ex-senador contou que nasceu no Recife e saiu da cidade aos 26 anos para projetos acadêmicos em outros países. Quando voltou, foi convidado para trabalhar em Pernambuco, mas recusou para passar um período de dois anos em Brasília. “Terminei ficando aqui até hoje”.

E fez elogios a vários políticos pernambucanos como o ex-ministro do Tribunal de Contas da União e ex-deputado, José Jorge Vasconcelos, e o ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. “Os dois foram meus contemporâneos de faculdade e são grandes amigos”, frisou.

Segundo ele, José Jorge foi, quando ocupou a Secretaria de Educação de Pernambuco, “o melhor secretário do país”. Buarque também elogiou o ex-ministro da Educação Mendonça Filho, por ter feito a reforma do ensino médio durante sua passagem pelo MEC no governo Temer.

A seu ver, Mendoncinha fez um excelente trabalho. “Pena que tenha sido uma iniciativa pequena em meio às várias necessidades da Educação no país”, comentou.

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