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Pernambuco teve recuo de 19% em produtos têxteis importados da China

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Foto: Ricardo Essinger, presidente da Fiepe: otimista/Foto: divulgação

O polo de confecções do Agreste viu o volume das importações de tecidos e aviamentos proveniente da China encolher 19%, de janeiro e fevereiro de 2020, quando comparado com mesmo período  de 2019. Isso representa uma redução de 3,418 mil toneladas para 2,777 mil toneladas. Os dados são da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe).

“Várias empresas de Toritama e Santa Cruz do Capibaribe estão se queixando que os conteineres provenientes da China não estão chegando, o que tem comprometido a produção”, ressalta o presidente da entidade, Ricardo Essinger.

Analistas da Fiepe dizem que ainda é prematuro afirmar que a queda na importação de produtos para o setor têxtil decorra apenas do efeito Coronavírus e, para saber qual o real impacto que a gripe tem sobre a economia local, a entidade está colocando uma pesquisa na rua.

Quem ganha

Mas, como em toda crise, sempre tem alguém ganhando. A produção de óxido de ferro de Pernambuco, que tem como principal concorrente uma empresa chinesa, teve aumento de produção desde que o vírus se espalhou pelo país asiático. O dióxido de ferro é destinado à indústria de tintas. A própria empresa de Essinger, a Oxinor, aumentou sua produção em quase 30%. “Mas o crescimento foi dentro da nossa capacidade instalada”, explica, descartando qualquer possibilidade de investimentos diante de um cenário tão incerto.

Para Essinger, o Coronavírus está causando um “apavoramento” bem maior do que o seu tamanho real. “Na verdade, trata-se de uma gripe forte, mas seu índice de letalidade é reduzindo quando o comparamos com o tamanho da população”, diz. Para ele , o grande problema foi causado pelo governo chinês, que na sua opinião se antecipou de forma equivocada em dar uma resposta à população, tomando medidas questionáveis.

A grande lição

“Neste cenário, a grande lição que o Coronavírus nos traz passa pela reflexão sobre nosso modelo econômico global”, analisa o presidente da Fiepe. Ele defende a diversificação das relações comerciais globais. “Este episódio, no qual nossa economia, com apenas dois casos confirmados, vê a bolsa de valores afundar e o dólar disparar, nos mostra que temos que sair do modelo de um único fornecedor ou comprador global”.

Essinger defende um novo planejamento da economia global, com diversificação de polos comerciais e reforço da produção nacional. “Temos que acabar com a mentalidade de importar só porque é mais barato, em detrimento de nossa produção. Os produtos nacionais, que geram renda e movimentam a economia local, devem ser valorizados ainda que custem mais caro, porque precisamos ter um limite para essa interdependência do mundo”, analisa.

Ricardo Essiger joga no time dos otimistas e acredita que a tendência é que o coronavírus tenha um efeito breve na economia global, já que a própria China deu sinais de retomada de sua economia. No entanto, ele entende que o retorno da produção aos níveis anteriores à doença será lento, demandando alguns meses para alancar o patamar original.

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