Ao fazer suas críticas o deputadó esqueceu que o Metrorec é controlado por um aliado de peso do governador Paulo Câmara, Eduardo da Fonte do PP
Por Magno Martins
O acidente no Metrô do Recife, o Metrorec, ontem pela manhã, resultando em mais de 70 pessoas feridas, acabou entrando na pauta do cinismo da política. Logo cedo, o pré-candidato do PSB a prefeito do Recife, João Campos, fez o seu protesto oportunista, prometendo ficar de prontidão em defesa de ações que possam se traduzir em melhorias no sistema de transporte urbano da Região Metropolitana.
“Lamentável. O Metrô do Recife, sob responsabilidade do Governo Federal, vem enfrentando muitos problemas mesmo com o aumento abusivo de suas tarifas em menos de um ano, saindo de R$ 1,60 para R$ 4 a partir de março. A estrutura permanece precária e não vemos sinais de mudança. Vou acompanhar e cobrar melhorias justas e necessárias”, escreveu ele, em suas redes sociais.
O deputado foi rápido no gatilho. Sua intenção? Atingir o presidente Bolsonaro. Só esqueceu que o Metrorec é controlado por um aliado de peso, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP), que, aliás, andou pelo Palácio, na última segunda-feira, prestigiando uma solenidade do governador Paulo Câmara. João só não foi tão ágil na marcação do terreno político-eleitoreiro quanto sete pessoas morreram e três ficaram feridas no bairro de Dois Unidos, no apagar das luzes de 2019.
Ali, um deslizamento de barreira, no Córrego do Morcego, matou até uma criança e um bebê. No dia, não caiu uma gota de água. Moradores da área relataram que dois canos da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) existentes no local estouraram e o vazamento teria feito a barreira deslizar. Até hoje, não se sabe absolutamente nada do que foi apurado, porque o assunto saiu da mídia, não sendo cobrado nem mesmo pelo Ministério Público.
Como o caso envolve uma estatal do Governo, no caso a Compesa, que deveria zelar e proteger a vida dos cidadãos que dela esperam a água do dia a dia para matar a sede, João Campos se omitiu, não foi sequer ao local prestar solidariedade humana. O deputado faz maldição agora ao Metrorec apenas para marcar posição eleitoreira como candidato a prefeito. Esquece que o oportunismo mal direcionado é grotesco, leviano e desprezível.