Os agricultores e pescadores de Terra Nova, no Sertão de Pernambuco, estão angustiados com a determinação de esvaziamento da barragem Nilo Coelho por riscos de rompimento. Com as possibilidades de chuvas fortes, o governo do estado de Pernambuco determinou a abertura emergencial da descarga de fundo, alegando que a barragem apresenta nível de perigo três. Os trabalhadores que dependem da água do reservatório estão preocupados com a possível falta de água no município.
Com a determinação do governo de esvaziamento do reservatório, o agricultor Luciano da Silva Gomes, está preocupado com a irrigação das plantações. “Se secar perde tudo, é perca total. A gente espera que tenham bom senso e ver o que podem fazer com a água dentro da barragem”.
Em 2010, uma estiagem na região durou sete anos, a seca foi severa e a barragem secou, o que assustou os moradores na época. Os agricultores se queixam do silêncio do governo estadual sobre a possibilidade do cenário se repetir.
A barragem voltou a encher em 2018 após uma chuva forte na região. Atualmente, o reservatório está com 20% da capacidade, sendo a única forma de manter a sobrevivência dos agricultores e pescadores de Terra Nova e Cabrobó. Caso o governo do estado faça a abertura emergencial da descarga, o reservatório pode ficar seco novamente em apenas três meses.
O pescador Josias Souza Araújo está com medo. “Se esvaziar essa barragem, está esvaziando o pessoal de Terra Nova também. Não tem cabimento ficar aqui com esse açude seco”.
Agricultores e pescadores estão preocupados com a possibilidade de esvaziamento da barragem de Terra Nova. — Foto: Reprodução/TV Grande Rio
A barragem está sem reforma desde 1995, a quantidade buracos tem aumentado a cada dia e as pedras estão se soltando por causa das fissuras e infiltrações. Os moradores questionam a determinação de esvaziamento e restauração do reservatório com a água e os motivos dessas modificações não terem sido feitas no período de estiagem. Um ofício em 2013 apontava a necessidade de uma reforma e a Câmara de Vereadores de Terra Nova solicitou intervenções ao governo do estado.
“Tenho provas, quantidade viagens, ofícios, de requerimentos aprovados em plenário. Eu mesmo mandei um ofício no ano passado, no mês de maio, e nem se quer recebi resposta diante da minha solicitação”, diz o presidente da Câmara de Vereadores, Bado David.
Uma audiência pública foi realizada na Câmara de Vereadores de Terra nova na terça-feira (14) para discutir o problema. Secretários dos dois municípios, moradores, agricultores e representantes do conselho participaram da reunião.
O representante da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos apontou os problemas da barragem e o plano de contingência para minimizar os impactos. As famílias que vivem nas áreas de risco vão ser cadastradas e há possibilidade de aproveitar as águas da transposição do Rio São Francisco durante a estiagem.
Segundo o engenheiro civil, para evitar um desastre, é preciso reduzir o nível da água para receber as chuvas sem que o reservatório sangre.
Os moradores não aceitam a decisão. “A fonte de renda de Terra Nova hoje, se chama barragem Nilo Coelho. Isso aqui se chama mãe de leite de Terra Nova, se eles secarem isso aqui, estão fazendo um crime”, relata o pescador, Luciano da Silva Gomes.
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos (Seinfra), orienta para a importância da abertura da descarga de fundo, no sentido de diminuir o volume acumulado de água, aumentando, assim, a segurança da população.
Segundo o informe climático para janeiro, fevereiro e março, elaborado pela Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), são esperadas chuvas normais ou acima do normal para a região, o que corrobora com a necessidade de redução do nível da barragem.
A Seinfra informou ainda que, para minimizar os impactos, tem realizado estudos técnicos que garantam a segurança com o nível de acumulação da barragem, de modo que não haja danos sociais. A secretaria ressalta que tem buscado apoio de outros instituições como Defesa Civil, Compesa e Secretaria de Desenvolvimento Agrário na busca de soluções para minimizar os impactos à população. (G1 Petrolina)