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A ‘amizade’ improvável entre Paulo Câmara, desafeto de Bolsonaro, e Sergio Moro, alvo de Lula

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O clima entre os dois desde o início do governo Bolsonaro é amistoso e de parceria / Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

Mesmo com o tensionamento entre o presidente da República e o governador socialista, o tom da visita de Moro se deu de maneira cordial e convergente
JC / Foto: Felipe Ribeiro/JC

Três dias após ser chamado de “espertalhão” pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), em disputa pela paternidade do 13º do Bolsa Família, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), recebeu o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, nesta segunda-feira (21), para apresentar resultados do programa Em Frente, Brasil. O projeto piloto do governo federal contempla cinco municípios brasileiros, entre eles a cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Mesmo com o tensionamento entre o presidente da República e o governador socialista, o tom da visita de Moro se deu de maneira cordial e convergente. Esta é segunda vez que ele vem ao Estado, a primeira ocorreu em maio, para conhecer o funcionamento do Pacto Pela Vida, também com demonstrações de bom ambiente.

O clima entre os dois desde o início do governo Bolsonaro é amistoso e de parceria. Nem as críticas de Paulo às circunstâncias do julgamento do ex-presidente Lula parecem pesar na relação. Mas não somente entre eles. Integrantes do governo Paulo já foram recebidos algumas vezes pelo ministro, como o Secretário de Defesa Social (SDS), Antônio de Pádua. Assistentes de Moro também estiveram reunidos com o governo estadual em outras ocasiões, em Pernambuco. Uma ponte que segue via de mão dupla.

“A ideia aqui, basicamente, é que nós possamos unir as forças de segurança federais, as estaduais e as forças envolvidas em trabalho de segurança no âmbito das prefeituras, tudo isso para reduzir a criminalidade nos municípios. Os índices têm caído. É certo que também já vinham caindo antes, decorrentes de políticas adotadas principalmente pelo governo do Estado”, apontou o ministro.

Após a agenda em Paulista, Paulo Câmara ofereceu um almoço ao ministro, no Palácio do Campo das Princesas. “(…) É uma semente a ser plantada, que acreditamos, confiamos, que temos a certeza de que, se continuarmos com esse foco, com essa integração e, mais na frente, com o desenvolvimento também junto às políticas de prevenção, podemos ter resultados muito satisfatórios, que devem ser replicados em todos os municípios brasileiros”, disse o governador, em Paulista.

Crise no governo

Tido como símbolo do combate à corrupção, o ex-juiz responsável por julgar casos da Lava Jato em primeira instância, no Paraná, se vê diante de denúncias de possível corrupção alcançarem braços do governo do qual faz parte. É o caso do ministro do Turismo, Álvaro Antônio (PSL-MG), indiciado pela Polícia Federal no caso que investiga supostas candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais. Apesar de relutar a responder questionamentos que não estivessem ligados ao programa federal contra a criminalidade, Moro disse que “a Polícia Federal tem feito seu trabalho com autonomia e independência”.

Convocado para comparecer à Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC) do Senado, nesta terça-feira (22), Álvaro Antônio deverá prestar esclarecimentos sobre as candidaturas femininas do PSL em Minas.
Outro ponto tangenciado pelo ministro foi sobre a morosidade na tramitação do pacote anticrime, que tem sofrido desidratações no Congresso. É seu principal projeto desde que assumiu a pasta. Sem articulação política e com o racha no PSL, é possível que a matéria demore ainda mais para ser discutida.

Em resposta ao, Moro reconheceu que tem feito um trabalho de intenso convencimento junto aos parlamentares. “Buscamos convencê-los, independente de partido, sobre o acerto das proposições, pois entendemos que são muito importantes”, declarou.

Moro “bem na fita”

O ministro Sergio Moro é o membro do governo Bolsonaro mais bem avaliado e com mais prestígio entre a população. Em pesquisa Datafolha divulgada no último dia 5 de setembro, ele aparece com popularidade maior que a do próprio presidente. Moro foi avaliado como ótimo ou bom por 54% dos entrevistados, como regular por 24%, e como ruim ou péssimo por 20%; 2% não responderam.

Isso representa 20 pontos a mais que o presidente, que foi avaliado como ótimo ou bom por 29% dos entrevistados. A pesquisa ouviu 2.878 entrevistados com 16 anos ou mais em 175 cidades do país entre 29 e 30 de agosto.

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