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Riquezas da Caatinga serão destacadas na Câmara Federal na terça-feira (01)

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Audiência pública, requerida por deputados de PE e SP, tem o objetivo de sensibilizar o Parlamento para as oportunidades do bioma, exclusivo do Brasil e único no planeta, mas ainda não considerado patrimônio nacional

Foto: reprodução

Na próxima terça-feira (1º), estudiosos do ecossistema do bioma Caatinga e em Mudanças do Clima, como os da Rede Nacional de Pesquisadores (Ecolume), coordenada pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), darão visibilidade à biodiversidade e às oportunidades socioeconômicas para as populações sertanejas durante a audiência pública na Câmara Federal, intitulada Riquezas e Potencialidades da Caatinga. A iniciativa é dos parlamentares Túlio Gadelha, Tadeu Alencar e Rodrigo Agostinho.

O encontro reunirá especialistas que vêm realizando trabalhos no tema. A gestora do Ecolume, Francis Lacerda, do Laboratório de Mudanças Climáticas do IPA, será uma palestrante convidada. A audiência iniciará às 14h, no plenário 8, anexo II, da Câmara dos Deputados. O debate será feito pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Casa, presidida por Rodrigo Agostinho (PSB-SP), em conjunto com as Comissões de Direitos Humanos e Minorias, e de Cultura.

Para o deputado Agostinho, passou da hora da Caatinga ser valorizada. “As pessoas lembram da Amazônia e do Cerrado. A Caatinga, por sua vez, presente em 11% do território do País, em oito estados do NE e em MG, precisa de reconhecimento também. É um dos mais importantes do Brasil. Tem diversidade sociocultural e biológica gigantesca e necessita de ter a sua legislação específica. Vamos fazer um debate de alto nível, aprofundar as discussões e trazer políticas públicas para o bioma”, fala.

“Será uma oportunidade de redescobrirmos as riquezas do Sertão”, diz a professora da UFPE, Márcia Vanusa, integrante do Ecolume, estudiosa da biodiversidade da Caatinga e suas potencialidades bioeconômicas. O espaço será oportuno para mostrar parte das riquezas e potencialidades do bioma. E tais questões se ampliam, como diz Francis, se observadas pelos ângulos promissores e demandados pelos efeitos das mudanças do clima sobre uma região com uma das maiores incidências solares do mundo, bem como com uma biosfera adaptada e populações resilientes.

“Como nordestino, tenho uma atenção especial à Caatinga, que é um patrimônio biológico e corresponde a 70% da região NE. E diante das alterações do clima que afetam a todos, precisamos discutir e encontrar soluções para o controle do aquecimento global, o acesso à água e saneamento, a bioeconomia e, consequentemente, a sustentabilidade hídrica, elétrica e alimentar da população”, diz o deputado Túlio (PDT-PE).

Foi com base nessas questões que o Ecolume foi criado no final de 2017, financiado pelo CNPq, do Ministério de Ciência e Tecnologia. Atua em quatro frentes de ação na Caatinga para mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima. São elas: energética, alimentar, hídrica e bioeconômicas. E é formada por cientistas de dezenas de instituições federais, estaduais e locais, a exemplo da UFPE, Embrapa e dos Institutos nacionais de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Semiárido (Insa).

Dentre as tecnologias em desenvolvimento pelo Ecolume, destaca-se o primeiro protótipo de sistema agrovoltaico no Brasil, instalado no Sertão do Moxotó pernambucano. A rede tem demonstrado oportunidades que se abrem no Sertão em tempos de mudanças do clima, através das riquezas do bioma, com destaque ao sol em abundância e à adaptação milenar da vegetação local às altas temperaturas e solos e clima secos do semiárido, bem como uma população resiliente e culturalmente rica.

“Pode haver sim um ciclo virtuoso na Caatinga, desde que haja proteção do bioma enquanto prioridade nacional e com políticas públicas, como defende o presidente da Comissão de Desenvolvimento Sustentável da Câmara Federal”, realça Francis, meteorologista, mestra em climatologia e doutora em Recursos Hídricos.  A implantação do sistema agrovoltaíco pode ser uma boa solução, por exemplo. A tecnologia pioneira e de baixo custo produz energia elétrica consorciada com alimento de forma sustentável e circular, mantendo o bioma preservado, potencializando a produção de energia e agricultura familiar, racionalizando o uso da água.

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