Em seu acordo de delação firmado com a força-tarefa da Lava Jato em abril deste ano, o ex-ministro Antonio Palocci detalhou que Graça Foster, presidente da Petrobras de fevereiro de 2012 até 2015, agiu em conluio com o núcleo criminoso que dilapidou a estatal para desviar dinheiro para os cofres do PT.
Foster (é sempre bom lembrar) era uma das auxiliares mais próximas de Dilma Rousseff. Outros delatores, como o próprio marqueteiro João Santana, já afirmaram que ela foi colocada no comando da estatal na época para ser os olhos e ouvidos da então presidente, que queria mais informações sobre os tentáculos da ORCRIM do PMDB e do próprio PT no caixa da Petrobras.
Leia abaixo alguns trechos extraídos do termo de delação do “Italiano”.
“QUE, quando assume, GRAÇA FOSTER determina a realização de uma auditoria no projeto de construção das unidades de navio-sonda para checar a licitude dos procedimentos feitos pela SETE BRASIL; QUE o COLABORADOR acredita que GRAÇA assim agiu em razão do começo da disputa entre os grupos de DILMA, da qual ela fazia parte, e de LULA; QUE a disputa Iniciavase pela próxima campanha à Presidência do PT; QUE, com a nomeação de GRAÇA FOSTER, DILMA ROUSSEFF bloqueava as origens de recursos de LULA, os quais eram os navios-sondas; QUE, naquele período, o COLABORADOR esteve com LULA, o qual se mostrava profundamente irritado com a postura de GRAÇA; QUE, a partir desse momento, o COLABORADOR passa a se afastar da gestão do projeto político por trás da construção das unidades dos navios-sondas; QUE quem passa a assumir o comando político do projeto é o próprio LULA”
“QUE LULA consegue junto a GRAÇA FOSTER a rápida conclusão da auditoria; QUE GRAÇA FOSTER, cedendo a pressões de LULA, determina que fossem assinados os contratos, o que efetivamente ocorre em agosto de 2012, quando a Diretoria da PETROBRAS autoriza a contratação dos navios-sondas”
“QUE soube que GRAÇA FOSTER, atendendo a pedido de GUIDO MANTEGA, o qual havia sido demandado por ANDRÉ ESTEVES, criou uma forma de retirar o processo de venda dos ativos da área internacional, e assim, determinar quem seria o comprador final; QUE GRAÇA FOSTER não desejava deixar o assunto na Diretoria Internacional, posto que era muito afeta ao PMDB; QUE ela desejava trazer para si o processo de venda daqueles ativos”
“QUE consigna que LULA já informou ao COLABORADOR que entre GRAÇA FOSTER e GUIDO MANTEGA havia um fluxo de informações permanentes, de modo que a então Presidente da PETROBRAS passava listas de empresas que a estatal auxiliava ou que acabara de efetuar grandes pagamentos, de modo que GUIDO operasse junto a tais empresas, pessoalmente ou pelo tesoureiro do partido, buscando recursos de propina para a campanha de 2014; QUE LULA comentou com o COLABORADOR diversas vezes sobre a existência desse canal entre GRAÇA FOSTER e GUIDO MANTEGA; QUE soube por RENATO DU( que inclusive ele foi acionado nesse sentido por GRAÇA FOSTER, podendo colaborar com as investigações”