Associação de escolas do Canadá diz que não vai mais receber alunos do Ganhe o Mundo
Por Antonio Coelho e Ricardo Novelino, TV Globo e G1 PE
A diretora da Associação de Escolas Públicas do Canadá, Bonnie McKie, declarou nesta sexta-feira (9) que a instituição não vai mais receber estudantes inscritos no Programa Ganhe o Mundo, do governo pernambucano. Segundo ela, a medida vai vigorar até que as instituições recebam o dinheiro que está sendo devido pela empresa que venceu a licitação para levar jovens para o intercâmbio. (Veja vídeo acima)
Em entrevista por telefone, ela alegou que a entidade deixou de receber dois milhões de dólares canadense, o equivalente a quase de R$ 6 milhões, da empresa 2G Turismo. Ela foi vencedora da licitação aberta pelo estado para participar do programa entre 2018-2019, no lote do Canadá. Com esse dinheiro, são custeadas todas as despesas do estudantes, incluindo educação e hospedagem.
A associação liderada por McKie atua em 130 distritos do país. As divisões de escolas públicas canadenses matriculam mais de 40 mil estudantes internacionais a cada ano.
O Ganhe o Mundo oferece vagas para intercâmbio em países de línguas estrangeiras. Os estudantes podem escolher cursos na Argentina, Chile,Espanha, Colômbia, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Austrália.
Os alunos, que devem estudar na rede estadual, passam por uma seleção. O Canadá recebe, em média, 460 pessoas a cada ano, de acordo com o governo do estado.
Em junho, alunos relataram atraso nas bolsas de R$ 719. Na época, o governo admitiu o problema, que atingiu 555 jovens, no Canadá e no Chile.
Bonnie Mckie é diretora de Associaçã das escolas Públicas do Canadá. — Foto: Reprodução/Instragram
Na entrevista, Bonnie Mckie afirmou que, em nenhum momento, contou com suporte do governo de Pernambuco nem da embaixada para resolver as pendências financeiras com a empresa 2G. Ela também disse que ocorreram problemas durante a vigência do contrato com a vencedora da licitação.
“Recebemos jovens que não estavam inscritos. Eles chegavam no desembarque do aeroporto e alguns dos nossos colegas recebiam ligações da agência dizendo: ‘nós temos mais alguns estudantes aqui. Desculpe por ser de última hora. Vocês poderiam receber esses estudantes?’ Eles nem mesmo encontravam alojamento pra esses estudantes até que chegassem ao Canadá, no aeroporto.”, afirmou Mckie.
A diretora lamentou a situação e disse que não tem expectativa de resolver o problema. “Não sabemos como vamos receber esses recursos”, afirmou. Também informou que não há mais jovens no país da América do Norte e que todos voltaram para Pernambuco, em junho.
As escolas canadenses também ficaram preocupadas com o fato de um dos sócios da 2G Turismo ter constituído uma nova empresa, a You Viagens & Turismo, para se inscrever na licitação para o Ganhe o Mundo, em 2020.
Em uma carta enviada na sexta-feira (2), Mckie alertou o secretário de educação de Pernambuco, Frederico Amâncio e levantou a possibilidade de a nova firma ter ganho a licitação.
“Chegou ao meu conhecimento nesta manhã, por alguns membros diferentes, que (talvez ainda não oficialmente) uma empresa chamada You Turismo foi premiada com todos os lotes de estudantes (aproximadamente 460) destinados para o Canadá, em 2019-2020, como parte do processo de licitação do Ganhe o Mundo”, afirma.
Na carta, ela diz ter sido informada que a You é uma empresa de propriedade conjunta de Jamerson Pereira Do Nascimento e seu filho Gladson José Alves do Nascimento.
“Como tenho certeza, Jamerson Pereira do Nascimento é o dono da 2G Turismo a empresa premiada em 2018-2019 e que atualmente ainda está devendo mais de C$ 2 milhões para nove membros de nossa escola pública canadense”, escreveu.
Ainda na carta, Mckie pediu providências ao governo de Pernambuco.”Espero que o estado tome agora medidas corretivas para garantir que os lotes para 460 os estudantes destinados ao Canadá não sejam oficialmente concedidos à You Turismo, para que os problemas não resolvidos com cuidados e segurança dos alunos não sejam perpetuados”, afirma.
A 2G Turismo, segundo o governo de Pernambuco, “foi penalizada pela Secretaria de Administração com a sanção de Impedimento de Licitar e Contratar com a Administração Direta e Indireta do estado de Pernambuco e seu descredenciamento no Sistema de Cadastro de Fornecedores do Estado de Pernambuco (Cadfor-PE).”