Convocado para depôr na CPI do BNDES , o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse nesta terça-feira (2) a deputados que, no governo Lula, os empréstimos a empresas como JBS e Odebrecht eram cedidos em troca de recursos de campanha para petistas em campanhas majoritárias e proporcionais. A reunião foi fechada.
Relator da delação premiada de Palocci no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin autorizou que o ex-petista falasse à CPI somente sobre assuntos relacionados ao BNDES . A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apontou a Fachin que o único anexo da delação relacionado ao tema é o termo de depoimento 21, cujo título é “Negócios em Angola”.
Segundo a PGR, neste anexo o ex-ministro relata “pagamentos de vantagens indevidas ao Partido dos Trabalhadores, intermediado por Paulo Bernardo , no valor de R$ 64 milhões de reais, em razão do auxílio politico concedido à empresa Odebrecht, no tocante ao aumento de linha de crédito junto ao BNDES para atuação da empresa nos empreendimentos existentes em Angola”.
A taxa de risco de países como Angola e Venezuela foi diminuída sem critério técnico por uma decisão política de Lula , disse Palocci na CPI. A escolha dos “campeões nacionais” favorecidos por empréstimos também partia de Lula, contou. Ele disse que discordava dessa estratégia.
O ex-ministro reiterou também o relato de que repassou R$ 300 milhões da Odebrecht a Lula, no fim do mandato do ex-presidente. O valor teria sido pago para que o favorecimento da empreiteira continuasse.
Segundo parlamentares presentes na audiência, Palocci disse também que sugeriu a Lula fazer um “mea culpa” pelos erros, e o ex-presidente teria respondido que não, apostando no fim da Operação Lava Jato .
Questionado sobre as contas no exterior usadas pela JBS para propina, Palocci disse que não podia responder. Esse assunto é objeto de outro anexo de sua delação premiada.