Sérgio Moro vai hoje ao Senado para prestar esclarecimentos sobre as mensagens atribuídas a ele e a integrantes da Lava Jato, em Curitiba.
A audiência na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa está marcada para às 9 da manhã.
O objetivo é determinar a veracidade do conteúdo e o contexto das mensagens trocadas enquanto o ministro da Justiça era o juiz responsável pela operação.
Ontem, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, também foi convidado para comparecer à comissão com o mesmo objetivo.
Publicadas pelo “The Intercept Brasil” desde a semana passada, as conversas foram trocadas entre 2015 e 2018.
E de acordo com o fundador do site, ainda há muito material para ser divulgado.
Em entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes, Glenn Greenwald destacou que a série de reportagens poderá levar até um ano para que seja totalmente publicada.
Para Glenn Greenwald, não importa a forma como o conteúdo foi encaminhado e, sim, se é de interesse público – ele não deu detalhes sobre a fonte das informações.
A Polícia Federal apura como as mensagens foram extraídas dos celulares dos procuradores e do ministro da Justiça, Sergio Moro, e se são verdadeiros.
Na entrevista à Rádio Bandeirantes, Glenn Greenwald garantiu que não divulga as conversas com a intenção de tumultuar o governo Bolsonaro.
Segundo o jornalista, que já venceu um prêmio Pulitzer, o objetivo é mostrar o que classifica como comportamento antiético de Sergio Moro.
Ontem, o “The Intercept Brasil” publicou o que seriam novas conversas a respeito de uma possível investigação sobre o Fernando Henrique Cardoso.
O diálogo se referia a um suposto recebimento de caixa dois nas eleições de 1994 e 1998.
O então juiz Sergio Moro pergunta a Deltan Dallagnol se havia alguma coisa mesmo séria sobre o ex-presidente, pois o que ele tinha visto na TV parecia muito fraco.
O procurador responde que, em princípio, o conteúdo não era relevante e tinha sido enviado para São Paulo sem analisar prescrição.
O coordenador da força-tarefa supõe, então, que a iniciativa tinha sido proposital para passar o recado de imparcialidade da operação.
De acordo com o “The Intercept Brasil”, Moro considerou a atitude questionável, pois poderia melindrar alguém cujo apoio era importante.
Fernando Henrique Cardoso apareceu na delação de Emilio Odebrecht, que disse ter ajudado com caixa oficial e caixa 2 todos os presidentes, incluindo FHC.
Em nota, o ministro Sérgio Moro declarou que não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido manipuladas.
O ex-juiz acrescenta que nunca houve interferência no caso envolvendo Fernando Henrique, que foi enviado pelo Supremo a outro juízo, que reconheceu a prescrição.
A força-tarefa em Curitiba também repudiou o que considera um ataque infundado à imparcialidade da operação.
Os procuradores justificam que sempre adotaram providências quando surgiram indícios concretos de crimes envolvendo autoridades, independentemente do partido.
Segundo a nota, o site tenta criar artificialmente uma realidade para favorecer o ex-presidente Lula.