A troca de mensagens “promíscuas e criminosas” entre o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sergio Moro e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público (MP) do Paraná, Deltan Dellagnol, revelada pelo site The Intercept, deveria, de acordo com o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), resultar no afastamento dos dois dos seus respectivos cargos.
Em duro discurso na sessão do Congresso Nacional desta terça-feira (11), o parlamentar afirmou que o país está escandalizado com as vísceras da Lava Jato expostas, que mostram um criminoso conluio, em diversos processos, entre um magistrado que deveria ter isenção e o Estado acusador. O senador acredita que houve uma evidente quebra de princípio do Estado de Direito.
“Hoje, o ministro da Justiça e Segurança Público, Sergio Moro, é um espectro na Esplanada que assombra o Planalto. Ele deveria pedir demissão e sair do governo porque não tem autoridade política nem moral para conduzir a Polícia Federal, subordinada a ele. Os procuradores da Lava Jato também têm de ser afastados”, disparou.
Segundo ele, Moro coordenou e orientou o MP em todas as etapas do caso; mandou substituir procuradores em audiência; orientou a rebater ações de defensores de réus; cobrou operações policiais; indicou alvos das operações; determinou o que deve ser ou não vazado para mídia; e ainda opinou sobre procedimentos da acusação.
Para Humberto, ficou clara a militância política de membros do Ministério Público e do Poder Judiciário, que seletivizavam seus alvos para persegui-los. Ele citou Lula, líder de todas as pesquisas de intenção de voto na disputa presidencial, reconhecido e respeitado internacionalmente, como um dos que sofreu esse tipo de abuso de autoridade.
“O caso de Lula é um exemplo recheado de vícios e promiscuidade, pela ação combinada e criminosa desse ex-juiz e procuradores. Dallagnol reconheceu, inclusive, que não tinha nem certeza sobre a solidez do que apresentava que apresentava contra o ex-presidente. Imagine, agora, aqueles que foram presos sem justificativa e fizeram delação sobre pressão do Ministério Público e de Sergio Moro. Isso transcende o caso de Lula e entra no atropelamento das liberdades democráticas”, detonou.
O líder do PT ressaltou que a Operação Lava Jato sempre foi criticada pelos seus excessos, por se colocar acima do Estado de direito, e que, agora, mais de cinco anos depois de iniciada, ela está ferida de morte por si mesma.
“O tiro fatal veio dela. Foi dado de dentro. Seu mecanismo ilegal de funcionamento foi exposto na fala dos seus principais protagonistas”, declarou.