Por Inaldo Sampaio – Coluna Fogo Cruzado – 11 de junho de 2019
Sérgio Moro não será exonerado do Ministério da Justiça pelo fato de o portal “The Intercept” ter divulgado no último domingo uma troca de mensagens entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, sobre a Operação Lava Jato, que conduzira o ex-presidente Lula à prisão. Também não deixará de ser o ministro mais popular do presidente Bolsonaro pela coragem que teve de decretar a prisão do ex-presidente, bem como dos maiores empreiteiros do Brasil, sendo improvável, ainda, que esteja na “frigideira” como afirma o jornalista Elio Gaspari pela suposta decisão de disputar a Presidência da República em 2022.
Afinal, quando o presidente o convidou para o Ministério da Justiça e Segurança Pública sabia que o então juiz da Lava Jato era quase uma unanimidade nacional. Convidou-o exatamente por isso e por essa mesma razão deseja mantê-lo no governo até a data de despachá-lo para a vaga de Celso de Mello no STF.
O que Moro não tem como apagar é mais essa mancha em sua biografia de magistrado. A condenação de Lula pode até ter sido correta do ponto de vista técnico-jurídico, tanto que foi confirmada por tribunais superiores. Mas a troca de “figurinhas” entre o juiz e o Ministério Público Federal sobre o cerco ao ex-presidente é um desvio ético que vem a se juntar a outro igualmente grave: a autorização dada por ele para que o Brasil tivesse conhecimento de uma conversa telefônica entre Lula e Dilma Rousseff, divulgação que sabia ser ilegal mas mesmo assim deu o aval para que ela ocorresse.