Sem Premium II, preço de imóveis despenca e comércio começa a demitir.
O Globo
SÃO GONÇALO DO AMARANTE, CEARÁ – O cancelamento da Refinaria Premium II pela Petrobras frustrou as expectativas de moradores da região e empresários locais. O projeto, que teve sua pedra fundamental lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, não sairá mais do papel diante do cenário de queda do preço de petróleo e de impacto da corrupção, investigada na Operação Lava-Jato, nos cofres da estatal. O cenário desfavorável levou a Petrobras a rever suas projeções de investimento.
A Premium II seria instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. O local era considerado uma espécie de novo Eldorado e vinha atraindo trabalhadores de todas as regiões do país. Com o anúncio do projeto, o fluxo de pessoas em busca de oportunidades cresceu significativamente, segundo o gerente da unidade do Sistema Nacional do Emprego (Sine/IDT) no Pecém, Francisco Carlos Pereira Costa. De acordo com ele, a previsão era que fossem criadas 90 mil vagas, o que gerou na unidade uma média de 300 atendimentos diários.
Ele conta que a frustração com o cancelamento do empreendimento da Petrobras na região atingiu tanto os trabalhadores quanto os investidores:
— Toda esta mão de obra que foi atraída para cá investiu em qualificação, que não é barata, principalmente na área de petróleo e gás. Já os investidores, muitos construíram pousadas, restaurantes, entre outros negócios.
Diante deste quadro, o montador de andaime Jorge Balbino dos Santos e o carpinteiro Deusdete Francisco da Rocha, que é do Piauí, recorrem ao Sine em busca de uma vaga.
— O dinheiro começa a ir embora, pois pago mensalmente um aluguel de R$ 800, fora os custos com alimentação. Esperava já estar empregado, mas essa notícia foi um banho de água fria. Agora é ter esperança, e esperar que outras vagas surjam. Enquanto isso, continuo vindo diariamente ao Sine — disse Rocha.