Por Arthur Cunha
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, veio a Pernambuco, ontem, para se despedir. Se despedir da pasta que ajudou a estruturar e o colocou em um dos principais debates travados no Brasil; se despedir da vida pública – irá para a iniciativa privada a partir de janeiro. Quer dar uma pausa no ritmo frenético, ter mais tempo para a família. Coincidentemente, terminou sua trajetória com um discurso no mesmo Salão das Bandeiras onde começou, há quase 30 anos, no dia em que vestiu paletó pela primeira vez para ser empossado secretário de Planejamento do então governador Carlos Wilson Campos. Aproveitou os holofotes para anunciar milhões em recursos e obras para seu estado, e fazer um balanço da gestão.
Jungmann destacou a criação do primeiro Sistema Único de Segurança Pública, o SUSP. “Quer dizer a união de todos – absolutamente todos – no combate à violência e na melhoria da segurança pública. Superamos o federalismo acéfalo, que não tinha cabeça. Agora, também por lei, trabalharão juntas as polícias Civil e Militar; a Guarda Municipal, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, as Forças Armadas, o Ministério Público, a ABIN”, explicou, citando a padronização dos procedimentos, outro legado da sua passagem pela pasta que terá Sérgio Moro à frente no próximo governo.
Também ressaltou que os próximos números mostrarão uma redução de homicídios em todo o país. “E Pernambuco foi um grande contribuinte para isso”, enalteceu Raul Jungmann, que cobrou a promoção de um debate mais amplo sobre o sistema carcerário e a política de combate às drogas no Brasil. O ministro cravou que é preciso “ter coragem para enfrentar esse debate”.
Com um ar saudosista, Jungmann lembrou sua extensa folha no serviço público, que, além de secretário estadual, também incluiu passagens pelo Ministério da Reforma Agrária, Ibama, BNDES, Banco do Brasil, Câmara Federal e Câmara do Recife. O ministro sai, agora, da vida pública com cara de um “até logo”. Mas sai pela porta da frente.