O governador Paulo Câmara escreveu bom artigo ontem nesta Folha sobre o novo cronograma da Transnordestina apresentado pelo concessionário que tem a responsabilidade de concluir as obras, que se arrastam vagarosamente. Todo tipo de apoio já foi oferecido pelo governo federal a este concessionário (Transnordestina Logística S/A) e a obra não termina nunca, apesar de sua importância estratégica para a nossa região, que ficaria totalmente interligada por ferrovias, barateando o custo da produção e do seu escoamento.
O governador foi direto ao assunto, sem, naturalmente, querer nenhum tipo de briga com seu colega cearense Camilo Santana, que vem de uma reeleição consagradora: 80% dos votos válidos. Câmara não acha lógico, nem justo nem racional que a ferrovia chegue primeiro ao Porto de Pecém, no Ceará, que ao Porto de Suape, em Pernambuco, apesar de o nosso estar mais perto 80 km da jazida de ferro do Piauí, de onde partirá, e com 41% de suas obras prontas em território pernambucano. Além disso, diz ele, tendo em vista o retorno de Suape ao rol dos portos sob controle estatal, não justifica que fique em plano inferior em relação a Pecém, que é um porto privado.
Todos os argumentos são robustos, no entanto não se pode deixar também de considerar que falta força política a Pernambuco para resolver uma parada desse porte. E não vale alegar “discriminação política” porque o governador do Ceará é do PT e, igualmente ao nosso, votou em Haddad para presidente da República.