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Luciano Bivar, o homem que deu ‘guarida’ a Jair Bolsonaro

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Após Bolsonaro entrar para a sigla, outras 13,6 mil pessoas se filiaram ao PSL / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Após Bolsonaro entrar para a sigla, outras 13,6 mil pessoas se filiaram ao PSL
Marília Banholzer mariliab@ne10.com.br / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

“Em 2006 você ser liberal era uma coisa negativa. Foi um fiasco. Hoje, o Jair (Bolsonaro) defende a mesma coisa que eu defendi. Só não tive o talento, nem a eloquência que ele tem”. A opinião é do deputado federal eleito por Pernambuco Luciano Bivar, um dos fundadores e presidente de honra do Partido Social Liberal (PSL), sigla criada em 1998 e que abraçou a candidatura de Bolsonaro para Presidência. Há 12 anos, o político pernambucano disputou o Planalto, mas ficou em último lugar, com 63.294 votos válidos (0,066%).

Agora, Bivar, prestes a completar 74 anos, está entusiasmado com o efeito Bolsonaro. A chegada do deputado federal ao partido, em março deste ano, alavancou o PSL de nanico à segunda maior bancada na Câmara. A sigla ocupará 52 das 513 cadeiras da Casa, a partir de 2019. Uma delas será do próprio Bivar, eleito com 117.943 votos.

JC-POL1009_PSL01ART-WEBOs liberais estão atrás apenas do PT, que conta com 56 cadeiras. Mas, segundo Bivar, o título de maior bancada da Casa é questão de tempo. “Com certeza será o partido com maior bancada em 2019. Alguns colegas já nos procuraram e, no próximo ano, teremos novos filiados (…) Tudo isso deve-se a Jair Bolsonaro. Foi o grande propulsor do que propõe o PSL”, disse.

As eleições de domingo também projetaram o PSL a outro patamar: partido campeão nacional de votos para a Câmara dos Deputados. Foram cinco deputados federais mais votados em seus respectivos Estados, sendo Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, o que mais recebeu votos no partido, 1,8 milhão por São Paulo. Os outros foram Delegado Waldir (GO), Marcelo Alvaro Antonio (MG), Nelson Barbudo (MT) e Helio Negão (RJ).

Empresário do ramo de seguradoras de veículos e ex-presidente do Sport, Luciano Bivar foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1998. Retornou em julho de 2017, após Kaio Maniçoba (MDB) ser nomeado para a secretaria de Habitação de Pernambuco pelo governador Paulo Câmara (PSB). Bivar era suplente de Maniçoba. Em abril deste ano, com o retorno do emedebista à Câmara, ele deixou o cargo.

De atuação discreta, durante suas duas passagens na Câmara, o empresário não conseguiu emplacar projeto de lei.
O próximo passo de Bivar é voltar à Presidência do PSL, cargo do qual se licenciou durante a candidatura de Bolsonaro. O comando da sigla ficou, interinamente, nas mãos do advogado Gustavo Bebianno, um dos principais articuladores da candidatura do capitão da reserva.

Mesmo com o panorama positivo, Bivar usa um tom mais modesto e defende que até dia 28 – dia do segundo turno – todos os esforços serão pela eleição de Bolsonaro. Ele não nega, no entanto, que em 2019 possa buscar também a Presidência da Câmara dos Deputados. “O costume é de que o partido de maior bancada indique o presidente da Casa. Isso é uma tradição”, projetou.

Questionado se a articulação para a entrada de Jair Bolsonaro no PSL foi uma estratégia para turbinar a legenda ou um casamento de ideias, Bivar disse que tudo aconteceu de forma natural: “Foi uma coisa espontânea. O Francischini (delegado licenciado e coordenador de campanha de Bolsonaro) nos procurou e, após algumas reuniões, vimos que era tudo convergente. Não houve essa coisa de toma lá dá cá. O Jair não tem qualquer comprometimento com o PSL chegando à Presidência”.

O fator Bolsonaro ainda atraiu, somente no primeiro semestre deste ano, mais de 13,6 mil novos filiados ao partido. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a legenda tem 241.439 membros. Questionado se, enquanto fundador do partido, não temia que o capitão da reserva ganhasse a mesma proporção que o ex-presidente Lula tem para o PT, Bivar avaliou que os eleitores das duas legendas pensam de forma diferente.

Os atos pró-Bolsonaro são característicos por camisas da Confederação Brasileira de Futebol, bandeiras do Brasil e muitas referências a militares. “Se você for para uma passeata do PSL, não tem fundamentalista. As pessoas querem um bem comum, contra a corrupção, pela família. Não é uma pessoa. É uma ideia. Hoje, o Bolsonaro é uma pessoa que encerra o pensamento de todos nós. Se um dia ele for preso, ninguém vai fazer o que fazem por Lula, porque cadeia é lugar de bandido. O público é diferente, não existe esta comparação”.

Jair Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em duas ações por apologia ao estupro. “É um misto de tudo. O Bolsonaro, não tenha dúvida, é um grande arauto de tudo que está acontecendo aí. O povo estava querendo alguém com retidão, com ordem. Estamos todos preocupados com os caminhos da sociedade brasileira”, finalizou.

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