Mais uma vez sem o púlpito com o nome de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – condenado na Lava Jato, preso em Curitiba e barrado pela Justiça de comparecer –, o segundo debate eleitoral dos candidatos à Presidência da República, realizado nessa sexta-feira (17) pela Rede TV!, pouco se diferenciou da edição passada, promovida pela TV Bandeirantes.
Houve entre os presidenciáveis quem rechaçasse a participação de Lula na eleição, quem evocasse o voto religioso em atuações performáticas, quem tentasse apresentar proposta e quem buscasse fugir de saias-justas, mesmo em um ambiente propício para o debate mais incisivo, devido ao formato onde um candidato deveria convocar o outro para o centro do estúdio, com embates de cara a cara.
Em uma espécie de ping-pong, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) não dispensaram críticas à política econômica do governo Michel Temer, tentando estabelecer uma guerra técnica. “O Brasil é o País que mais destrói indústrias. E um dos setores que pode ser ativado e agregar valor é a agropecuária brasileira”, afirmou Ciro. “Meu dever é investir na segurança pública e trazer investimento privado para a infra-estrutura do nosso País, que vai gerar muito emprego rapidamente”, defendeu Alckmin.
A situação que se destacou foi um embate mais direto entre Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL). Ela rebateu uma afirmação feita pelo candidato do PSL de que a diferença salarial entre homens e mulheres não era permitida na legislação e que não era uma algo que necessite de muita preocupação. “Tem que se preocupar, sim, porque, quando se é presidente da República, a gente tem que fazer cumprir o artigo 5º da Constituição Federal, que diz que nenhuma mulher deve ser discriminada”, disparou Marina, que chegou a se aproximar fisicamente para encurralar o adversário. Bolsonaro, aliás, teve dificuldades para tratar de questões econômica.
Sempre com a Bíblia à mão ao se dirigir ao centro do estúdio, o Cabo Daciolo (Patriota) roubou a cena mais uma vez ao adotar o discurso religioso em praticamente todas as suas falas. “Vou ser o presidente da República e vou levar a nação brasileira a clamar ao senhor. Não esperem nada dos homens, a solução para a nação brasileira chama-se Jesus Cristo”, disse, performático.
Alckmin foi confrontado por sua aliança com o Centrão pro Álvaro Dias (Podemos). O tucano limitou-se a defender a reforma política, ao admitir que todos os partidos estão fragilizados.
Henrique Meirelles (MDB) novamente tentou representar o papel do homem que tem solução para a economia, enquanto Guilherme Boulos reforçou sua vocação para a ruptura.
Planos
Integrantes de quatro chapas como vice-presidente e em duas como cabeça de chapa, as mulheres não ganharam o mesmo espaço nos programas de governo dos candidatos ao Planalto. Os programas de Alckmin, Meirelles e Bolsonaro, por exemplo, dedicam poucas ou nenhuma linha para ações voltadas ao público feminino, de acordo com os documentos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Alckmin escolheu a senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice e vem enfatizando que ela garante representatividade às mulheres na sua equipe. O programa tucano traz, no entanto, somente uma única proposta direcionada a elas: estabelecer um pacto nacional para a redução de violência contra idosos, mulheres e LGBTI e incentivar a criação de redes não governamentais de apoio ao atendimento de vítimas de violência racial e contra tráfico sexual e de crianças. A campanha do PSDB disse que o programa ainda é uma versão resumida.
Apesar de ter cotado Marta Suplicy (MDB-SP) como vice, Meirelles cita as mulheres apenas uma vez. Ele promete incentivar a redução da diferença salarial entre homens e mulheres, respaldado pela nova lei do trabalho.
Bolsonaro trata do tema em uma medida: combater o estupro de mulheres e crianças.
Na outra ponta aparecem os que dedicaram espaço maior. Boulos Ciro escolheram mulheres como vice e apresentam várias medidas para esse público dedicou um tópico para mulheres, assim como Marina.