‘Vai chegar um momento em que, se o assunto não estiver resolvido, cada um vai fazer sua avaliação (sobre ficar no MDB)’, afirma o vice-governador Raul Henry
Por Cássio Oliveira e Paulo Veras – JC Online / Foto: Diego Nigro
A partir desta quarta-feira (7), está aberta a janela de um mês que permite aos políticos com mandato trocar de partido até o próximo dia 7 de abril, buscando legendas com melhores condições de se reeleger. Em Pernambuco, pelo menos três movimentos podem alterar a correlação de forças políticas: a briga pelo comando do MDB, o crescimento do PP e a migração para uma nova legenda do presidente da Assembleia Legislativa (Alepe), Guilherme Uchoa (PDT).
A briga pelo comando do MDB terá efeito, inclusive, na formação das chapas majoritárias, já que o senador Fernando Bezerra Coelho busca se viabilizar como candidato ao governo do Estado, enquanto o deputado federal Jarbas Vasconcelos busca uma das vagas do Senado na chapa do governador Paulo Câmara (PSB). Em meio a indefinição pela batalha jurídica que se arrasta desde setembro, candidatos da sigla admitem em reserva que buscarão um caminho alternativo caso o prazo final para mudança de sigla se aproxime sem definição.
“Estão todos nos dando um crédito de confiança. Mas vai chegar um momento em que se o assunto não estiver resolvido, e eu espero que esteja, cada um vai fazer a sua avaliação. A gente não vai poder falar pelos outros. No momento, nós estamos recebendo solidariedade integral de todos”, afirma o vice-governador Raul Henry, presidente do MDB-PE.
PP em expansão
Em contrapartida, o PP passa por ampla fase de expansão; inclusive impulsionada por socialistas que querem deixar o arriscado chapão da Frente Popular para concorrer em chapinhas. É o caso do deputado federal Marinaldo Rosendo e dos estaduais Vinícius Labanca, Marcantônio Dourado e Roberta Arraes, todos do PSB. Eriberto Medeiros (PTC) também deve fazer a transição para concorrer a federal. “Estou indo para o PP nos próximos dias. Não dá para tentar a reeleição no PSB. A chapinha é o caminho”, admite Rosendo.
Segundo o deputado federal Eduardo da Fonte, presidente do PP-PE, o partido espera eleger ao menos 12 deputados estaduais, podendo se tornar a principal força política na Alepe. E mira uma vaga na chapa majoritária, prioritariamente para o Senado. “O PP construiu um caminho de compromisso. Isso é fruto da nossa posição em 2014 de não ceder na formação de chapinhas, como não cedemos”, explica.
O peso de Uchoa
A janela partidária também servirá para ajustes em outros partidos. Para o cientista político Elton Gomes, professor da Faculdade Damas, a principal delas será a saída de Guilherme Uchoa do PDT, após o partido ter vetado a entrada do filho dele, Guilherme Uchoa Júnior, para concorrer a deputado federal. Hoje, o presidente da Alepe promete levar consigo para qualquer legenda outros três parlamentares pedetistas: Jadeval de Lima, João Eudes e Pedro Serafim Neto.
“É um ator político de muita relevância, que já controla há 12 anos a pauta do Legislativo e foi vital para a aprovação de projetos de interesse do Executivo. Ele passa a ser um ativo político muito poderoso. Se for para o partido do governador, por exemplo, robustece ele ainda mais. Se ele for para uma legenda intermediária, ele dará a ela mais poder de barganha para ter cargos e benefícios para apoiar o governador”, explica.
Outra mudança chave é a do deputado federal Daniel Coelho, que pode trocar o PSDB pelo PPS para concorrer ao Senado. Até o dia 20, Fernando Monteiro (PP) decide se ingressa no MDB, no PR ou no PSD. Na Assembleia Legislativa, Álvaro Porto já anunciou que deixará o governista PSD para voltar ao oposicionista PTB pelo qual se elegeu em 2014.
Os sem partido
Hoje sem partido após deixar o PSB para continuar no governo Michel Temer, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, espera ingressar no MDB, mas não o fez ainda por causa da indefinição se o seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho, conseguirá a presidência da sigla. Um “plano B” seria o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de quem é próximo.
O segundo deputado federal pernambucano sem partido, Cadoca, também ia ingressar no MDB, mas suspendeu o movimento por causa da batalha interna. “Ainda não tenho decisão tomada. Vou tomar dentro do prazo que a lei estabelece. Estamos tentando montar uma chapa, mas isso ainda leva um tempo, não há nada definido. Conversei com vários partidos, mas tem que afunilar para tomar a decisão”, confirmou o parlamentar, que participou do almoço que selou a criação da chapinha com PP, SD, PDT e PCdoB.