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Ex-procurador Marcello Miller teria sido informado de operação da PF um dia antes

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Vazamento foi registrado por ele em mensagem enviada à colega

Diário do Poder / Foto: reprodução

O ex-procurador Marcello Miller foi informado com pelo menos um dia de antecedência de que a força tarefa da Lava Jato deflagraria a operação que prendeu a irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves, e o primo do tucano, o empresário Frederico Pacheco, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Nessa época, o ex-procurador já atuava como advogado da J&F.

Em conversa com Esther Flesch, advogada que era sua parceira no caso, Miller fala sobre a readequação dos termos propostos por ele em uma minuta do trato, que não foram aceitos pelo escritório Trench Rossi Watanabe, onde o ex-procurador estava atuando.

“Vamos correr, porque a informação insider é a de que a operação pode ser deflagrada amanhã”, disse Miller em uma mensagem enviada pela manhã.  Na noite do mesmo dia, os donos da JBS fecharam acordo de delação premiada.

No dia seguinte, a Polícia Federal deflagrou a Operação Patmos, que prendeu a irmã e o primo do tucano, além do assessor do senador Zezé Perrela (MDB-MG), sob a acusação de ajudarem Aécio a obter dinheiro.

Na operação, os agentes cumpriram ainda 41 mandados de busca e apreensão em quatro estados. A irmã do doleiro Lúcio Funaro também foi presa e Aécio foi afastado do mandato pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.

O vínculo de Marcello Miller com o gabinete do ex-procurador-geral Rodrigo Janot foi apontado pelo presidente Michel Temer, em um pronunciamento. Miller passou então a discutir sua própria estratégia de defesa com Flesch.

“[Eduardo] Pellela acabou de confirmar: PGR solta nota agora. Curta. Negando minha participação em delação”, dizia a mensagem enviada à advogada pela manhã. O texto a que se refere Miller só foi publicado na tarde do mesmo dia.

Enquanto estava na procuradoria, Miller teve atuação decisiva em delações que envolveram gravações ocultas de autoridades, como o do ex-senador Delcídio do Amaral e da cúpula do MDB, grampeada pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. O ex-procurador passou a atuar pela J&F para cuidar do acordo de leniência do grupo, por meio do escritório Trench Rossi Watanabe.

Há indícios, no entanto, de que Miller também tenha orientado a colaboração dos irmãos Batista, inclusive enquanto ainda estava na PGR. A atuação dele na delação da JBS começou a ser investigada em setembro do ano passado.

A assessoria do ex-procurador afirma que a informação da operação da PF não veio de nenhum órgão estatal. Foi apontado ainda que, na data da mensagem, Marcello Miller já estava desligado há mais de 40 dias dos quadros do Ministério Público Federal (MPF).

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