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O Paradoxo Michel Temer: impopularidade e retomada da economia

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Mesmo com grande impopularidade do presidente Michel Temer, a economia vai voltar a crescer este ano em torno de 1%

Da Editoria de Política Estadão Conteúdo / Foto: reprodução

Ele é o presidente mais impopular depois da redemocratização do Brasil com uma aprovação de 6% da população, segundo a CNI/Ibope, divulgada neste mês. Mesmo assim conseguiu fazer o que muitos economistas não acreditavam no auge da crise econômica e política de 2016: o País saiu da recessão, deve crescer cerca de 1% este ano e, para 2018, a previsão é de um aumento de 2,64% no Produto Interno Bruto (PIB), indicador oficial que mede o crescimento econômico da Nação. Esse é o paradoxo Michel Temer (PMDB). Para quem ainda não percebeu, o Brasil está saindo de uma estagnação maior do que a de 1929, conhecida como a Grande Depressão, que até então tinha sido a maior turbulência da economia tupiniquim. A justificativa é que está ocorrendo um descolamento entre a economia e a política. A primeira está voltando a aquecer, enquanto a segunda continua numa crise que parece não ter fim.

“Um conjunto de fatores contribuíram para a retomada do crescimento da economia, mas as principais passam por algumas medidas adotadas pela equipe econômica (do governo), a qual tem credibilidade e foi bem recebida pelo mercado. O crescimento de 1% é baixo, mas é positivo depois de quedas por dois anos consecutivos superiores a 3%”, diz o professor do departamento de Economia da UFPE Écio Costa.

E esse descolamento ocorreu mesmo com o presidente Temer tendo passado por duas denúncias da Procuradoria-Geral da República; sendo uma de corrupção passiva e outra de obstrução de Justiça. “O mercado ficou receoso com as duas denúncias, mas Henrique Meireles (ministro da Fazenda) continuou com autonomia e não abriu mão das premissas econômicas”, argumenta o cientista político e professor da UFPE, Adriano Oliveira.

Uma das primeiras medidas aprovadas no governo Temer, que contribuiu para a retomada da economia, foi a PEC do teto dos gastos, a qual limitou as despesas (das três esferas do governo), estabelecendo limites que não podem ser ultrapassados. Isso sinalizou que o País estava querendo fazer um ajuste fiscal, ou seja, gastar menos para voltar a ser superavitário. “O atual governo assumiu com propostas de mudanças, como a reforma trabalhista, a da Previdência, o controle dos gastos e a política do Estado mínimo. Todos são fatores que o mercado vê com bons olhos”, resume Écio.

Outros componentes ajudaram na retomada. O Brasil teve uma supersafra de alimentos este ano e, quando isso ocorre, os alimentos sobem menos de preço e resulta em um impacto de baixa na inflação, que deve ficar em torno dos 3% em 2017, sendo a menor desde 1998. Esse índice também ficou baixo porque as pessoas pararam de comprar, diante à perda do poder aquisitivo provocado pela crise. “Em geral, a redução brutal da taxa de inflação resulta no aumento do poder de compra das famílias. E o aumento do consumo também melhora a economia”, explica o professor do departamento de Economia da UFPE, Tarcísio Patrício de Araújo.

IMPOPULARIDADE

O consumo das famílias nos dois últimos trimestres começou a aumentar, provocando uma leve diminuição da ociosidade da indústria. Resultado: já ocorreu uma redução da quantidade de desempregados que totalizaram 12,6 milhões de pessoas, o que indica uma taxa de desemprego em 12,6% no período de setembro a novembro deste ano, segundo o IBGE. Comparando com o trimestre imediatamente anterior, foram 543 mil pessoas que passaram a ter uma ocupação. O auge do desemprego provocado pela crise ocorreu entre janeiro e março deste ano, quando 14,2 milhões de pessoas estavam desocupadas e a taxa de desemprego era de 13,7%, de acordo com a mesma pesquisa.

E, por último, a queda da inflação empurrou os juros para baixo. Os juros são um dos motores que alavancam a economia, porque a sua redução faz, respectivamente, as empresas e as pessoas investirem e comprarem. A Selic, que é a taxa básica de juros do País, tem previsão de fechar 2017 em torno de 7% e a última vez que isso aconteceu foi em 2012/2013. “Essa redução já é sentida no ambiente de negócios, mas ainda não chegou ao consumidor”, revela Tarcísio.

Desde que assumiu, em maio de 2016, a menor popularidade de Michel Temer junto à população brasileira foi registrada em setembro, também segundo a CNI/Ibope, quando ficou com uma aprovação de 3%, logo depois de uma das denúncias da PGR. Em três meses (setembro-dezembro) a sua popularidade avançou 100%, mas os especialistas dizem que ainda é cedo para saber se a melhora da economia vai repercutir na aceitação popular do presidente da República. O aumento foi tratado com humor por Temer. “Aumentar 100% não é fácil”, disse à época da divulgação da pesquisa.

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